Simplesmente Acontece – Cecelia Ahern

Rosie e Alex parecem ser perfeitos um para o outro. Amigos desde a infância, eles não se desgrudam nunca, nem mesmo quando ele se muda de país, indo para os EUA, e ela continua morando na Irlanda. Ou quando ela fica grávida e ele vai estudar medicina. Ou mesmo quando ambos se casam com outras pessoas, constroem famílias, arrumam empregos, novos amigos, perdem entes queridos, mudam de casa, etc. Eles ainda estão ali, um pelo outro, dia após dia, ano depois de ano. Todos ao redor percebem que eles foram feitos um para o outro e, no fundo, tanto Rosie quanto Alex também sabem disso. Mas o destino – ou a falta de comunicação – sempre os impedem de ficar juntos. Mas será que o tempo, a distância e a vida vão poder fazer com que o amor acabe? Será que algum dia, cedo ou o mais tarde que puder, eles vão, finalmente, ficar juntos? Nada poder ser tão simples, mas quando há um amor forte e verdadeiro, a felicidade pode ser encontrada no fim do arco-íris.
A história parece linda, daquele tipo que me faria suspirar e ficar encantada, com um sorriso bobo no rosto a cada página virada e um maior ainda quando finalizasse a leitura. Mas, com muita tristeza, eu digo que não aconteceu nenhuma destas coisas comigo. “Simplesmente Acontece” não me cativou e eu não gostei de ter lido.
Até um certo momento, estava curtindo bastante a leitura, porque as coisas iam se desenvolvendo de uma forma diferente do que eu tinha imaginado, com bastante reviravoltas e acontecimentos interessantes. Mas, depois que estas situações foram se repetindo de novo e de novo, mesmo que apresentadas de uma forma um pouco diferente, eu já comecei a ver a história como algo cansativo e até chato.
A narrativa é totalmente epistolar, ou seja, mesmo com suas quase quinhentas páginas, só vamos conhecer a história através de cartas, bilhetes, e-mails, bate-papos, com todos os personagens, e não apenas os protagonistas, conversando entre si e contando os acontecimentos depois de terem ocorrido, e seus sentimentos de maneira mais leve. Não temos a exata visão das coisas, somente o que e como cada um decidiu contar ao outro.
Eu geralmente gosto deste tipo de narrativa, já até li alguns livros assim que funcionaram para mim muito bem, o que não foi o caso deste, pois acho que ficou faltando um algo a mais para me conectar a estes personagens em específico, então preferia que tivesse havido interações diretas entre eles.
Achei interessante que a autora quis colocar vários anos se passando, porque assim pudemos acompanhar os amadurecimentos de todos os personagens, tanto os principais quanto de alguns com menos importância, e vimos suas vidas avançando, com situações normais, cheio de problemas e também com felicidades e coisas boas, como a vida de qualquer ser humano por fora das páginas é. Ou seja, o livro é realmente bem realista, é a vida como a vida, retratada em palavras.
Mas há reviravoltas demais, muitas desnecessárias. Quando eu achava que as coisas iam andar, vinha outro acontecimento inesperado e alterava tudo, e não de forma surpreendente e gostosa, que nos empolga para continuar adiante, mas de um jeito chato e irritante, como se, ao invés de dar um passo para frente, desse dois para trás. Fiquei com raiva em diversos momentos por conta disso.
E o modo como os protagonistas viveram me irritaram porque faltava diálogo, conversas realmente sérias e honestas entre um e outro, afinal eles eram melhores amigos desde a infância, já que a história começa com Alex e Rosie sendo apenas crianças pequenas de cinco anos, e vai avançando ao longo dos anos até depois de completarem cinquenta anos. Ambos participaram ativamente da vida um do outro, nos momentos mais importantes e também nos menos, ficando sem se falar pouquíssimas vezes em todo este tempo. Mas eu senti como se ele só falassem amenidades ou coisas que só tinham importância em parte ou que eles não fossem o foco, porque os sentimentos deles, o que cada um queria realmente dizer para o outro, não vinha nunca. Eles pensavam, falavam com outras pessoas, mas nunca um com o outro e isso foi extremamente irritante. Eu acho que diálogos devem ser feitos sempre, quando algo está incomodando principalmente. Por que levar uma vida de sofrimentos se eles poderiam ser evitados com apenas umas trocas de palavras? A sensação que fiquei é que, mesmo com tantas coisas sendo ditas, faltava comunicação, pois eles falavam sem realmente dizer o mais importante.
Vi algumas resenhas e a grande maioria das pessoas ama este exemplar, que inclusive entra na lista dos preferidos de diversos leitores pelo mundo. Antes de ter lido por conta própria, minhas expectativas estavam tão altas e minha empolgação era tão grande, que, agora, depois de finalizar a última página, eu não consigo mais olhar para ele sem sentir tristeza ou raiva. Eu queria tanto, tanto, tanto gostar desta leitura, mas simplesmente não aconteceu. E toda vez que eu me lembro do fim, não consigo não me sentir frustrada e irritada, afinal, o que eu mais esperei para acontecer, acabou não se realizando. O final é basicamente aberto – a gente sabe o que vai ocorrer, mas não vemos isso “ao vivo”. E, do jeito que Alex e Rosie foram em todas aquelas mais de quatrocentas páginas antes disso, nada poderia ter acontecido novamente depois daquele encontro (que durou menos do que duas páginas). É nossa imaginação que vai realmente fechar a história, certo? E eu não consigo evitar pensar que algo atrapalharia tudo de novo, porque foi exatamente isto que aconteceu inúmeras vezes antes.
Mesmo assim, há uma mensagem realmente muito bonita no texto de que, mesmo com todos os acontecimentos que eles passam, problemas que enfrentam, vidas que vivem, o amor ainda perdura por muitos anos, resistindo a tantas coisas, provações, e também ao tempo, que todos sempre afirmam ser capaz de curar tudo. Eu realmente gostaria de ter amado esta leitura só por conta disso, afinal este é o meu sentimento preferido.
Dos dois protagonistas, eu preferi a Rosie com MUITA diferença. Alex não foi assim tão encantador quanto eu pensei que seria e também não curti algumas de suas atitudes. Rosie sempre foi uma mulher forte, batalhadora, sofredora (a maioria das coisas que aconteceram em sua vida não foi boa) e, mesmo assim, sempre pensava em todos ao seu redor, geralmente antes de si própria, deixando sua felicidade e seus desejos de lado vez após a outra.
Gostei de conhecer sua filha, Katie, e de ver a história entre ela e o seu próprio melhor amigo de infância, que começou parecido com a história de sua mãe com Alex, mas tomou rumos bem diferentes na adolescência e, principalmente, na vida adulta. Admito que gostaria que a autora escrevesse um livro para contar sua história, porque sei o que aconteceria com o romance entra ela e o Toby, então acho que poderia gostar da leitura. Só que achei algumas atitudes dela bem ridículas, mal agradecidas e até egoístas, principalmente em se tratando de Rosie. E, sim, eu gostei da protagonista o bastante para defendê-la, porque ela também merecia ser feliz, anos antes.
No final, até que dá para perceber a evolução e amadurecimento de todos os personagens, apesar de ter pensado que Rosie conseguiu chegar a este patamar muito antes do que Alex, que teve comportamentos ridículos mesmo sendo um homem adulto e tendo enfrentado e visto várias coisas antes.
Confesso que até agora eu não entendo o uso do título nacional “Simplesmente Acontece”, porque na verdade tudo acontece, mas não o que poderia ter acontecido há anos. Ou, melhor, só entendo se isto for relacionado a algo como: simplesmente acontecem coisas para atrapalhar a vida dos dois, porque isso, sim, está presente em praticamente todas as páginas.
Se este exemplar tivesse a metade de sua extensão, talvez menos anos apresentados, um final digno de me fazer suspirar, e também personagens com mais atitude (por favor!), porque odeio enrolação e este livro é só isso, com certeza teria entrado para os meus livros favoritos, mas infelizmente a leitura se tornou cansativa demais, repetitiva além da medida, chata em vários momentos, frustrante em demasiado e me deixou literalmente com muita raiva no fim.
Pelo menos terminou com algumas mensagens realmente muito boas. Nunca é tarde demais para começar alguma coisa, mesmo que pareça que o tempo ou a oportunidade tenham passado. Devemos correr atrás dos nossos sonhos e vontades e não deixar que a vida passe sem tomarmos uma atitude (só ver tudo que Alex e Rosie poderiam ter mudado se fossem sinceros e corressem atrás do que realmente queriam, para nos inspirar a querer ser diferente deles). E o amor verdadeiro supera todas as coisas e qualquer período de tempo.
Apesar de ter achado a leitura cansativa e enjoativa, o que realmente me decepcionou com todas as forças foi o final, que me fez ter vontade de jogar o livro longe, literalmente. Mas, caso você tenha paciência para esperar as coisas acontecerem bem devagar, cheio de reviravoltas e coisas atrapalhando a vida da protagonista, um romance que demora séculos para se concretizar, se é que isso vai mesmo ocorrer, e ler sobre a vida como ela é, bem real e cheia de altos e baixos, pode ser que curta este volume. Só, por favor, não espere grandiosidades do fim, pois poderá se arrepender da leitura como eu. Não posso indicar “Simplesmente Acontece” porque não gostei dele, mas como vi muita gente curtindo, pode ser que você também goste.
Avaliação







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4 comentários:

  1. Ahhh, eu até que gostei bastante desse livro, daria 4 estrelas. Amei a forma de ser contado através de cartas, emails, telefonemas... mas realmente no meio o livro dá uma boa cansada e foi se arrastando, mas nada que me fizesse largar esse lindinho. Ele já tem valor sentimental porque comprei em um sebo por 1 libra e achei ele encantador haha

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  2. Gostei muito desse livro, curti muito o tipo de narrativa utilizado nele, gostei muito também do filme.

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  3. Os personagens são muito, muito bem escritos. Extremamente cativantes e completos, ninguém é só o vilão ou só o mocinho, ninguém continua o mesmo com o passar dos anos. simplesmente amei esse livro ;)

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  4. Que livro lindo, eu amei, a troca de e-mails é bem legal, mas no filme essas partes se perdem, até entendo, mas sabemos que os livros são sempre melhores do que os filmes.
    Depois de P.S. Eu Te Amo, leio qualquer coisa que a Cecilia Ahern escrever rs

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