In Our Living Room- Leonardo Monte







Na Coluna In Our Living Room de hoje conhecemos um pouco mais sobre o autor Leonardo Monte, autor da série Cerberus, publicado pela editora Literata.

Sobre a Autor: Nascido no Rio de Janeiro, em 28 de Dezembro de 85, Leonardo Monte considera-se cearense desde que mudou para Fortaleza, Ceará, com doze anos. Amante da literatura desde os treze, quando ganhou seu exemplar de A Divina Comédia, de Dante Alighieri, adentrou cada vez mais no universo literário, sendo um fanático por romances históricos e clássicos do terror. Leitor compulsório de Bernard Cornwell, George Martin e Conn Iggulden, Leonardo divide seu tempo entre sua família, os livros, o rugby e seus fãs (com os quais mantem contato próximo por meio das redes sociais, whatsapp e até mesmo por telefone).

Canais para se comunicar com o autor e saber mais sobre seus livro: Facebook | Twitter | Site | Facebook Livro.

A cada dia consigo atribuir significados diferentes aos livros, e como eles surgiram e se mantiveram na minha vida, mas é certo que o modo como temos nossos primeiros contatos definem o quanto fácil será nossa aceitação deles em nossas vidas. Como foi seu primeiro contato com os livros, e você consegue se lembrar do primeiro livro que leu?

Eu comecei a ler desde muito cedo, pois meu pai lia muito. Comecei com Asterix e Lucky Luke, mas o primeiro livro (ou livros) que li foi um presente de minha avó e chama-se A Divina Comédia de Dante Aligheri

Refletindo a cerca de tudo que você já leu, e o que marcou sua história como leitor, quais são seus autores favoritos? E livros, quais as obras que ainda lhe trazem boas recordações e que você recomendaria?

Tudo do Bernard Cornwell, eu realmente sou um fanático por tudo que ele se propõe a escrever, inclusive ele quase me desencorajou a ser escritor, pois quando o lia, pensava “nunca vou escrever nem de perto como ele” Um que não posso deixar de fora também é o Martin. Sou um estudioso de sua “mitologia”, passo horas no wikigot estudando literalmente o Game of Thrones, tenho bonecos, livros, os seriados... acho que hoje você como fã de literatura pode não ter lido HP, PJ, Crepusculo e até Tolkien... mas Martin redefiniu a temática fantasia.

Qual é o papel do livro para você? Um item de entretenimento, um convite à reflexão e à crítica, ou apenas uma manifestação da sublimação do autor?

O livro pra mim é um objeto de trabalho. Eu leio porque faz parte do trabalho, MAS AMO LER. Acho impossível alguém que se diz escritor e não lê.

É de conhecimento de todos envolvidos em literatura brasileira que nossas editoras não dão muito espaço para autores nacionais, e quando o fazem não auxiliam na divulgação. Como foi o processo de publicação do seu livro e como você vê o mercado editorial brasileiro?

A publicação de meu primeiro livro não foi complicada, afinal, eu precisei pagar, como a maioria dos autores precisa fazer. O mercado editorial brasileiro eu defino da seguinte forma: está fácil virar escritor, está difícil ser leitor”. Hoje, por causa de editoras que não estão nem um pouco preocupadas com seus catálogos, apenas em encher seus bolsos, encontramos, perdão a palavra: MUITA PORCARIA nas prateleiras de nacionais. Tem coisa boa? Sim! Mas a grande maioria você vê que não vale a pena. São temas batidos, nada originais, às vezes parecendo até uma fanfiction. Como disse, se você tiver grana pra se lançar, você se lança... e pro leitor que quer dar uma chance aos nacionais, tem que tirar a sorte grande, porque é difícil achar os bons no meio de tantos ruins.

Eu sempre bato na questão de quão difícil é criar uma boa fantasia depois de autores como Tolkien surgirem e criarem mundos sem igual. Então ao ler Cerberus eu identifiquei diversas referências, mas sem que com isso uma mitologia particular não fosse criada, como foi criar um mundo e suas criaturas para o livro sem que soasse igual ao que já existe?

Eu nunca considerei Cerberus uma fantasia. Na verdade existe uma teoria por trás dessas criaturas e esses outros planos. Pra mim foi um tanto trivial a questão da criação das criaturas, porque sempre parto dum princípio lógico: por que tal criatura teria medo do sol? Porque em seu mundo ele não existe, logo, seu corpo não desenvolveu defesas contra raios UV. Por que tal criatura tem medo de fé? Porque hoje sabe-se que quando você emana bons pensamentos você altera a forma estrutural da molécula das coisas e isso poderia causar um efeito alérgico numa criatura que não está biologicamente preparada para aquilo... um dos personagens, por exemplo: Ilian, que consegue transformar-se em vapor venenoso. Imagino que ele aprendeu, através de uma capacidade de sua espécie, a separar as moléculas de seu corpo, diminuindo sua densidade, a questão de tornar-se venenoso é devido ao fato de estar enfurecido ou rancoroso e isso alterar por segundos a forma estrutural de suas moléculas.

Identifiquei traços da mitologia pagã e cristã ao mesmo tempo em suas criaturas. Quais foram suas maiores referências na construção, especialmente delas e suas diversas formas?

Eu sempre fui fã de paganismo e mitologia celta, acho que você quer que eu fale um pouco dos cães de guerra, não?! O paganismo tem muita coisa bonita e seu elo com a questão espiritual, por vezes é mais forte do que na religião cristã, onde os mortos não nos dizem mais respeito. O paganismo que narro em Cerberus é mais ritualístico do que o conhecido, isso advém de estudos maçônicos que possuo (sou maçom desde os dezoito). Estudei em colégio católico a minha vida inteira, porem, não pratico-o desde os dez, confesso que padres nunca me agradaram, e, num mundo como Cerberus ele voltaria como uma forma mais medieval e inquisidora ainda, isso veio tudo de filmes, nunca busquei nada na Bíblia.

O papel da religião e em especial da fé é todo tempo colocado a prova em seu livro. No livro o que sobreviveu foi o catolicismo com um certo ranço do que ele foi na Idade Média. Qual foi seu objetivo ao trazer essas questões a tona em um futuro distópico?

Quando as pessoas leem meu livro, os não católicos gostam porque os padres são bastardos, já os que são católicos se apegam a outros detalhes, deixando esses de lado. Eu não posso dizer que tive um objetivo propriamente dito, acho que o catolicismo em Cerberus serve mais como dificuldade, ou um obstáculo moral para que os personagens consigam provar amizade, honra e valores que se tornam mais dificeis se essa barreira religiosa/moral não estivesse lá.

Atualmente sei que está produzido um novo livro que não tem a ver com a série Cerberus, o que podemos esperar de sua nova produção? E quando podemos esperar pelo terceiro volume da série?

O terceiro volume está quase pronto e tudo depende de minha nova editora aceitar a série por completo. Aceitando, creio que esse ano ainda sairá com seu selo. Se ela não quiser Cerberus, publicarei por conta, mas o final, modéstia parte, está tão intenso/emocionante/triste/feliz/arrepiante/surpreendente que eu não aguento mais segurá-lo.
Sobre os novos projetos, eu me peguei cansando de narrar lutas de espadas e preciso escrever algo que não seja série, por isso, vamos lá:
- Vraine: Pra quem gosta de máfia e do universo cyberpunk, acredito que vai aprovar o livro. A trama se passa em cima de cinco personagens principais: 1 detetive e 4 mafiosos que estão numa disputa pelo território de uma Brasília violenta e destruída.
- A Sangrenta Comédia: Pro público Resident Evil/Lovecraft não ter do que reclamar. Protagonistas basicamente anti-heróis/vilões em busca de um material genético milenar que poderá gerar um deus antigo e destruidor.

Em nome do House of Chick, agradeço à sua entrevista.

"Só tem medo quem tem alma... Essa é a definição do medo: um temor pelo bem da própria existência... E só se preocupa com sua existência quem possui uma."
Cerberus - O Diabo Pede Carona



 


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