Timestorm – Tempest #03 – Julie Cross

>> Mesmo que esta resenha seja do último livro da trilogia, não há qualquer tipo de spoiler de nenhum dos três volumes.
Estava bem empolgada para ler este volume, que fecha a trilogia Tempest, da qual eu adorei os dois volumes anteriores, “Tempest” e “Vortex” (clique nos títulos para conferir as resenhas sem spoilers!). O final do livro anterior foi inovador e intrigante, e eu precisava deste terceiro volume para saber como a autora iria mudar aquilo, ou como aquela situação seria resolvida. Ela optou por uma resposta bem simples, mas plausível.
Eu realmente me interesso muito pelo assunto viagem no tempo e Cross conseguiu criar e desenvolver muito bem o pano de fundo a respeito de viagens e linhas do tempo na sua trama. Ela teve uma grande habilidade de deixar pontas e pistas durante todos os três livros para, aqui no último, fechá-las com um propósito, sem deixar nada em aberto ou sem explicações.
Além disso, a autora sabe nos introduzir tão bem neste mundo criado por ela, com explicações tão críveis, que nos faz acreditar que algo assim poderia realmente existir: viagens no tempo, modificações genéticas para alterar os seres humanos com esta habilidade, um futuro com um ar distópico bem rígido e focado em modificar o passado para benefício do presente e, claro, suas diversas consequências negativas por conta da ambição deste projeto.
A trama é inteligente, complexa e bem explicada, mas o leitor tem que prestar atenção para não deixar nenhum detalhe ou informação escapar, já que são muitas coisas importantes e muitos pontos distintos que, juntos, formam um todo. Lembrar-se de cada um deles e entender o que significam para a trama é essencial e, para isso, temos que estar atentos. Ler com sono não é uma boa opção, por exemplo.
De maneira geral eu gostei do final, mas, por conta do nível dos anteriores e de eu dar mais importância aos últimos livros das séries, esperava mais deste. Então acabei me decepcionando porque eu desejada mais: ação, desenvolvimento das novas descobertas deles, participações do “lado negro da força” (hahaha), uma resolução melhor para a batalha que eu achei que poderia ocorrer. E também achei que algumas coisas foram meio forçadas para dar um resultado, como se tivessem sido jogadas para não deixar nada em aberto, mas não foram pré-idealizadas em momento nenhum.
Vou considerar que este livro tenha sido dividido em duas partes (e de fato foi, já que tem duas contagens diferentes de dias) para poder explicar minha opinião melhor em termos de acontecimentos. Então, na primeira parte do livro, quando eles estão no futuro, acho que a história foi mais arrastada do que deveria, e quase nada aconteceu de verdade. As partes mais significantes foram a interação com uma personagem que Jackson não teve a oportunidade de conviver o suficiente antes, e algumas revelações sobre o passado e pessoas importantes na trajetória das viagens no tempo. Porém, na maior parte deste período, eles só estavam buscando uma forma de escapar dali, sem muita ação, só com poucas ideias, que, por sorte, puderam ser colocadas em movimento já que outra personagem apareceu para ajudá-los. Na segunda metade é que as coisas começam a realmente melhorar em termos de ação e agilidade de narrativa, que começa a ter um ritmo eletrizante.
Além disso, por conta do desenvolvimento tecnológico que estamos vivendo na atualidade, principalmente se pensarmos na diferença que é de hoje para pouco tempo atrás, é de se esperar que isso só vá aumentando e se consolidando ainda mais com os anos. Então, quando vi que, mesmo em um futuro tão distante (ano 3200), as coisas são quase as mesmas de hoje, fiquei um tanto decepcionada, principalmente com o fato de a medicina ainda não ter avançado em uma área específica, o que foi a minha maior decepção por conta da morte inevitável de uma personagem que tanto gostei de conhecer e queria uma nova chance para ela. Já que muitas outras novas chances foram dadas, ela também merecia uma.
Desde o começo, ainda em “Tempest”, há um embate entre o bem e o mal, representados pelas agências Tempest e Eyewall respectivamente. De um lado, do Eyewall, há uma ideia de criar seres humanos com capacidade de, ao viajar no tempo, modificar o passado para trazer outras consequências para o presente, que no caso seria o futuro dos nossos personagens principais. E é para isso que o Tempest também existe: impedir que estas viagens e modificações sejam bem sucedidas. Então eu estava bem curiosa para saber o que a autora tinha preparado. Mas, infelizmente, ela optou por não focar tanto assim nisso, apenas na resolução do futuro da humanidade e no papel de Jackson e seus próximos neste desfecho. Não que tenha sido ruim este enfoque, só que eu queria ambos.
Jackson é um protagonista do qual eu gosto muito, acho que não teve um momento em toda a trilogia que eu curti menos ele. O amadurecimento do personagem neste volume mesmo, e também em comparação com ele próprio nos livros anteriores é gritante, bem definido e motivo de orgulho.
Uma das relações que mais gosto de Jackson é com sua família, tanto sua irmã mais nova quanto com seu pai, que são dois personagens que eu simplesmente adoro e admiro. Acho que no filme, se ele for mesmo adaptado para uma versão cinematográfica, o agente Meyer mais velho deveria ser interpretado por Victor Garber, um ator que aprecio demais e que sempre associo ao personagem.
E também gosto muito do fato de que o destino de Jackson e Holly é sempre ficar junto, em qualquer linha do tempo e aconteça o que acontecer. Só acho que o relacionamento entre Jackson e a Holly do momento no futuro se desenvolveu de forma meio forçada, já que ela estava evitando-o e se mantendo afastada e, do nada, resolve que gosta dele também. Esta transição de sentimentos foi mal explorada e eu esperava algo melhor e mais desenvolvido. O bom é que gosto do romance entre eles de qualquer maneira, então torço para que fiquem juntos desde sempre (não vou comentar se isso acontece mesmo).
Este volume teve um teor mais emocional e de sacrifícios. As pessoas se uniram mais por conta da situação em que viviam, trabalhavam juntas para conseguir se livrar do que daria errado e conquistar um bem maior, os laços de amizade, carinho, amor e admiração foram fortalecidos, e os sacrifícios foram feitos com bastante altruísmo para que outras pessoas pudessem desfrutar de um futuro livre.
Uma das coisas me mais me abalou no livro anterior foram as numerosas mortes, inclusive de personagens queridos, mas a autora também fez uma reviravolta em relação a elas que me agradou profundamente, apesar de não completamente porque ainda assim algumas pessoas queridas não sobreviveram.
A escritora soube trabalhar com resultados fechados, já que, conforme a leitura vai sendo avançada e as coisas só tendem a piorar, sem nenhuma possibilidade de melhora ou de alguma coisa que pudesse ser utilizada para a resolução, a gente tenta quebrar a cabeça para descobrir alguma coisa que ele poderia utilizar, mas é em vão. O que acontece é que alguém conhecido por nós desde o primeiro livro, mas que só participa indiretamente na história, é quem traz uma solução nova, que não poderia ter sido pensada por nós por falta de informações ou ideias de como isso poderia funcionar. Não é que tenha sido algo negativo, mas também curto criar possíveis teorias e ver que elas podem estar certas.
O final foi interessante e parecia estar se encaminhando para um desfecho triste, mas a autora soube inovar mais uma vez e fez a maior reviravolta de todas. Então eu gostei dele e da forma como Julie escolheu inovar novamente e me surpreender. Curti mais ainda ver diversos dos personagens que eu tanto gostei presentes, só uma que não estava ali que eu realmente senti falta.
A parte gráfica segue o padrão das anteriores, tanto em relação a capa, quanto a diagramação, com datas, horários e detalhes gráficos de linhas verticais no início de todos os capítulos, fonte e espaçamentos confortáveis para uma leitura duradoura sem incomodar a vista e páginas amarelas. Não sou muito fã desta capa em termos de beleza (a primeira é minha preferida), mas acho legal que combina com as outras. Outro detalhe que eu gosto muito é que os títulos de todos os três livros da trilogia têm a ver com alguma coisa muito importante no conteúdo do volume em questão.
Julie Cross criou uma trama complexa e bem explicada e soube como construir reviravoltas de tirar o fôlego em todos os livros de sua trilogia. Este desfecho alterna momentos eletrizantes com calmaria, de tensão com passividade, de emoção e ação, além de nos encantar com personagens incríveis e bem construídos. Adoro o fato de ela saber misturar tão bem ficção científica com agentes secretos e CIA, e, mais ainda, viagens no tempo e linhas temporais com maestria, em um futuro plausível (se isso fosse realmente possível). O final não foi o melhor, mas ainda assim eu preciso recomendar esta trilogia de que tanto gostei!
Avaliação






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3 comentários:

  1. Olá meninas!

    Quero muito ler esta trilogia! Tbm gosto muito do enredo apresentado, mas nunca li nada parecido, já assisti a filmes, mas não conta neh? rsrsrsrrsrs
    Amo as capas, são lindas demais!!!

    Bjo bjo^^

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    Respostas
    1. https://www.facebook.com/rockanapcm/posts/767501976620942

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  2. Acho bem bacana essa coisa de viagens no tempo, mas não li muitos livros sobre este assunto ainda. Este parece ser especificamente bom, ainda mais que você falou que a trama é inteligente, complexa e bem explicada. Vou correndo comprar já que os três livros já foram publicados aqui no Brasil.
    lydia.abreu.lydia@gmail.com

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