Veki, O Despertar do Mago - Eduardo R. Costa

Fazem cerca de doze anos que comecei minha trilha mágica, não foi algo que eu escolhi um dia, mas um chamado escutado. É um caminho lindo, profundo e mágico, mas repleto de espinhos, armadilhas e verdades. Me manter no caminho não é uma escolha fácil, é ao contrário a mais difícil, entretanto é a mais recompensadora e honesta. Ser pagã já não é mais crença, nem preferência, é ser o que eu sou e o que eu busco! Porque dos meus comentários espiritualitas? Porque é sobre isso minha última leitura, Veki- O Despertar do Mago, do autor Eduardo R. Costa, publicado pela editora Schoba.

Em Veki conhecemos Ricardo, um jovem de quatorze anos que tem um último dia de aula muito estranho, seguido por eventos inexplicáveis que parecem velhos conhecidos. Ele e sua família partem em seguida para o sítio de seu avó e mais fenômenos acontecem. Depois de uma mensagem compartilhada por sua irmã, o jovem resolve partir em busca do chamado que recebeu para conhecer quem ele é, e o que precisa fazer com a magia que guarda dentro de si. Mas será capaz de confrontar com sua sombra e permanecer na luz?

Conhecemos a história em uma narrativa feita em primeira pessoa pelo olhar de Ricardo. Ela transcorre de forma sutil e delicada, mas em um ritmo constante e envolvente. É o tipo de livro que você lê em um fim de tarde chuvoso com uma xícara de chá quente. A diagramação é simples, contando com ilustrações preto e branca de traços marcantes e objetivos. Meu problema com ela foi a famosa mania de falas em itálico e não com travessões, e mesmo essas falas as vezes eram feitas sem itálico confundindo a narrativa com os diálogos.

O livro é uma grande metáfora do caminho trilhado por quem busca a magia ou espiritualidade. Trabalha diversos conceitos e conhecimentos de forma breve que são confrontados na medida que as vidas de Ricardo transcorrem. Para mim foi fácil notar cada analogia e referência, mas não sei se quem nunca leu a respeito ou teve contato com a magia vai apreciar estes detalhes preciosos. Talvez para estas pessoas falte informações para compreensão do propósito do livro. Eu achei simplesmente ótimo ver de forma organizada algumas das pedras desse caminho que tanto exige do espírito.

Ricardo é um jovem acanhado que não tem muita autoestima, parece sentir que existe algo dentro de si que busca por respostas e que vai encaixá-lo no mundo. Prontamente responde ao convite que lhe é feito para uma viagem que trará as respostas para suas perguntas mais intimas e para outras que nem sabia existir. É bondoso, honesto e determinado. Perante os desafios tem guardado em si o que é certo e o que é melhor para o universo que o cerca. Sua família aparece de forma breve no início da trama, assim como demais personagens que auxiliam no processo de autoconhecimento mais que não permanecem por muito tempo nas páginas.

Vidas Passadas, Magia Xamânica, Magia Nórdica, Viagens astrais, Esperanto e até pitadas do que o astral umbralino possui são unidos de forma original nos relembrando do que existe de mais verdadeiro em nossa vida: não devemos renegar as sombras, mas abraça-las como nossas e diante delas escolher a luz, não por imposição, mas por escolha.

Quando escolhi ler Veki esperava por uma fantasia, de um menino que conhecia a magia e adentrava este novo mundo. Jamais imaginei ler páginas onde por diversas vezes me identificasse com o caminho do protagonista por já ter vivido aquelas experiências. O Despertar de um Mago fala sobre as verdades sob o véu de forma descontraída e promove a reflexão de quanto estamos dominando nossas sombras, ou estamos nos permitindo ser dominado por elas. Obrigada Eduardo por me relembra alguns dos meus passos na senda da vida!

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