Treze Almas – Marcelo Cezar

A história deste romance mediúnico conta sobre uma das vítimas, que jamais foram identificadas, do incêndio do Edifício Joelma, ocorrido há quarenta anos, em fevereiro de 1974, em São Paulo, e também de toda uma geração de pessoas que fizeram parte da vida dela e de suas encarnações. Seu nome era Durvalina e a conhecemos com catorze anos de idade, quando, junto com seus pais, ela foge da seca.
Comecei a me interessar pelo destino das trezes almas antes mesmo de Marcelo Cezar ter escrito este exemplar, pois eu ouvi, no passado, histórias que muito me intrigaram sobre o incêndio do Joelma, que vitimou 189 pessoas.
Depois vi na TV uma vidente falando sobre o cemitério que fica em São Paulo onde estas treze pessoas foram enterradas e ninguém sabia suas identidades, e também sobre a capela que foi erguida no local, pois para estas almas foram atribuídos muitos milagres, então muitas curiosidades surgiram em torno delas. Eu, como acredito muito, gostaria de ir ao local para verificar as coisas que ocorrem por lá e rezar por elas, apesar de saber que já se encontram em outro plano, seguindo adiante.
“Esses corpos foram enterrados no Cemitério São Pedro na Vila Alpina, e desde então os treze túmulos viraram local de peregrinação e pedidos de toda sorte [...]. Foram tantos os pedidos e tantos os atendidos, que o local transformou-se em um símbolo de esperança, conforto e fé.”
Neste livro, porém, como comentei acima, a história é basicamente sobre Lina, uma menina que veio saída da seca do Ceará, que era puro deserto, e da miséria, juntamente com a família, só que no caminho aconteceram tantas coisas, e daí à transformação foi um pulo. Ela perdeu seus pais e um dos irmãos assassinados no caminho (e outros de fome antes disso), pois eles estavam indo em busca de melhores condições de vida.
No trajeto, os homens que cometeram este crime que ela presenciou, acabaram levando-a com eles. Só que Lina, apesar da pouca idade, e mesmo subnutrida, conseguiu eliminá-los também. Ela pôde matá-los por conta das características que carregava consigo de outras vidas, já que não levava um desaforo para casa, e queria sempre proteger o próximo. “Tinha um bom coração e era dotada de um enorme senso de justiça.”
Depois a menina seguiu em frente, sendo amparada por Aderbal, um homem que estava passando no local e a levou para sua casa, no interior de Minas Gerais, para morar com sua família porque ela havia ficado sem nada na vida. Como uma nova família surge daí, juntamente com este episódio, há um mistério que só vamos saber mais tarde.
O livro começa, no primeiro capítulo, falando de um homem que sussurra, no leito de sua morte, o nome de nossa protagonista, mas não sabemos quem ele é, nem o motivo de estar fazendo isto naquele momento. Em seguida há um corte na narrativa e acompanhamos o passado de Durvalina. Porém, conforme a leitura vai avançando, vamos descobrindo as respostas para nossas perguntas. A história pula de época, fica num vai e vem, porque abrange várias pessoas que se juntaram ou se afastaram no decorrer da história.
Acompanhamos Lina vivendo sua nova realidade, o tempo passou e ela conseguiu mudar de vida para algo melhor, estudou, arrumou emprego e se mudou para São Paulo. Paralelamente, conhecemos diversas outras pessoas que acabam fazendo parte da vida dela, de maneira direta ou indireta, mas tendo alguma ligação espiritual com a mesma.
Em paralelo à história principal, podemos acompanhar outros momentos de morte coletiva e desencarne, históricos no Brasil, já que foram bastante conhecidos na época e no país. Como, por exemplo, a tragédia do Gran Circo Norte-Americano, considerado o maior e mais completo circo da América Latina naquele tempo, ocorrida em dezembro de 1961, em Niterói, onde quinhentas pessoas desencarnaram. “Foi um dos espetáculos mais tristes que ocorreram na face da Terra”.
O livro fala muito sobre diversas vidas passadas e entrelaçadas, cada indivíduo com seu próprio caminho e sua própria história, independente dos outros, mas interligadas de alguma forma. E que, com erros e acertos, todos nós tentamos, a cada jornada, uma evolução para um plano maior, apesar de que, quando encarnamos, nos esquecemos de tudo o que ocorreu antes de voltarmos ao corpo físico. Muitas vezes, somos levados a entes queridos através de sonhos esclarecedores, podendo ou não nos lembrar de como tudo se passou e como isso vai influenciar em nossa vida terrena.
Lina é uma mulher com forte personalidade, que sofreu bastante em sua vida e conseguiu entender tudo o que ocorreu com ela após muitos anos de seu desencarne. Eu gostei muito dela e de poder conhecer sua história de vida, só senti falta de saber das outras pessoas que também vieram a falecer naquela mesma tragédia, porque, além dela, só conhecemos mais dois dos que morreram naquele fatídico episódio.
A parte gráfica desta obra, assim como de todas as novas edições que a Editora Vida & Consciência está publicando, está maravilhosa. A começar por esta capa simples e incrível em um tom de roxo espetacular, o tom de verde lindo no título, a ilustração e o nome do autor na cor laranja, que, juntos, fizeram este jogo de cores ficar sensacional. A parte de trás da capa está no mesmo tom de verde do título, e na da contracapa, de um roxo mais suave. A diagramação interna está ótima, com fonte e espaçamento em tamanhos muito confortáveis, facilitando uma leitura mais prazerosa, e ainda conta com páginas amarelas.
Vamos encontrar, neste exemplar, histórias de vidas em paralelo que se entrelaçam formando uma linda história de amor, covardia, medo, buscas e superação. O amor incondicional pelo próximo. A covardia de um pai que abusa da própria filha de três anos por não conter seus impulsos medíocres. E muito mais.
A narrativa é forte, triste, e bem detalhista. O leitor tem que gostar deste estilo de leitura, e aconselho prestar bastante atenção em tudo o que está sendo dito e ler com calma, porque são muitas informações e nomes interligados, que vão fazendo sentido conforme as páginas vão sendo avançadas.
Espero ter passado um pouco do que este livro nos apresenta, e o que ele me fez sentir, uma emoção muito profunda, mas admito que é um pouco difícil encontrar palavras para expressar tudo da maneira que gostaria. Então a dica que dou é que leiam para poder entender o que estou dizendo.
A escrita de Marcelo Cezar é maravilhosa e fluida, não é a toa que ele é um dos meus autores mediúnicos preferidos e, com mais esta obra, seu lugar no meu coração só ficou ainda mais enraizado. Recomendo muito conhecer qualquer um de seus livros, e confesso que “As Treze Almas” se tornou um dos meus favoritos.
 “O bem não é para pensar, é para sentir.”

Avaliação





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Um comentário:

  1. Nossa! Eu quero ler este livro!
    Fiquei mega curiosa! Afinal é um caso verídico neh?

    Adorei a resenha, não conhecia o livro, mas vou colocá-lo na minha listinha de desejados!

    Bjo^^

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