A Queda – Michael Connelly

Em “A Queda” encontramos duas histórias contadas dentro de uma só, mas que não atrapalha porque, em se tratando de romance policial, sabemos que investigações surgem. Um caso é sobre um assassinato ocorrido há muitos anos e cujo autor, na época, deveria ter mais ou menos oito anos de idade. Como desvendar um fato tão antigo quanto este? Foi difícil, porque tudo apontava para um menino e, principalmente, porque seu DNA foi encontrado na vítima, e a ocorrência havia sido desvendada por outros dois detetives, mas agora é Bosh quem tenta solucioná-lo para descobrir se o garoto é mesmo o culpado ou as provas não estavam corretas.
O outro caso é sobre George Thomas Irving, o filho de Irvin Irving, um vereador importante, que foi empurrado, ou se jogou da janela do hotel Chateau Marmont. O pai do garoto, que é um ex-policial que tinha rixa antiga com Harry Bosch, mas o achava muito competente, exigiu que fosse ele o detetive do caso, confiante de que seria Bosch quem resolveria o que mais ninguém conseguiria.
Como sempre, quando leio Michael Connelly, fico impressionada tamanha sua habilidade e facilidade para escrever romances policiais. A gente acaba por entrar na cabeça dele e tenta, com Harry Bosch, seu protagonista, resolver casos ainda não solucionados que precisam de uma apuração, devido a sua forma fascinante de nos fazer entender.
O livro começa contando como chega o natal na Unidade de Abertos/Não Resolvidos, ou seja, o tenente distribui missões para seis equipes, para que identifiquem novos suspeitos em arquivo morto que eram chamados de cold hits, que são homicídios ocorridos em até 50 anos no passado e que não foram solucionados. As provas armazenadas vão passar, então, por uma nova análise, com nova tecnologia, e serão feitas no novo laboratório Call State (Laboratório de DNA).
Ao mesmo tempo, a outra investigação ocorre em paralelo, com um caso atual e muito importante, que precisa de solução imediata pela pressão que Bosch estava sofrendo por conta da morte ser do filho de um político.
Ambos os casos foram muito bem desenvolvidos e trabalhados pelo autor. Eu desconfiei das resoluções dos dois, mas, mesmo assim, fui surpreendida no final do livro quando as revelações foram feitas, porque as descobertas foram muito interessantes, e nós nem imaginávamos estas coisas, principalmente no primeiro caso que citei.
Bosch tem um parceiro há quase dois anos, Chu, mas ele gosta mais de agir de forma independente, não revelando todas as suas descobertas imediatamente para ele, porque não tem muita paciência com o mais novo, já que Chu faz muitas perguntas, comentários e observações, sendo muito curioso e falando de coisas que Harry não tinha tanta preocupação no momento.
A linguagem é simples, mas inteligente, despertando nosso interesse e nos mantendo ligadas às páginas conforme a leitura vai avançando. A escrita de Connelly é bem envolvente e ele sabe deixar pistas dos casos ao mesmo tempo em que trabalha a vida pessoal de Bosch de maneira que não atrapalhem as investigações nas quais ele vem trabalhando, e ainda nos faz conhecer melhor a personalidade marcante e o dia a dia deste detetive.
Harry Bosch passa a viver com sua filha de catorze anos depois que sua mãe falecera, e divide com ela todo o tempo que pode. Ela já demonstra indícios de que gostaria de ser uma detetive policial igual a seu pai, mesmo com a pouca idade. Quem sabe o autor já esteja querendo fazer novas histórias tendo ela como elemento principal já que Bosch está para se aposentar. Aliás, já vamos descobrir neste livro se estes serão os últimos casos dele ou não. Mas espero que novas obras com este detetive tão querido como protagonista ainda sejam lançadas, com novas histórias emocionantes e reais.
Gosto demais de Bosch, ele é um excelente detetive e eu acho que seria muito bom se na vida real todos os policiais fossem tão bons, dedicados e decididos quanto ele. Curto muito que seja Harry o personagem principal desta obra e de tantas outras. E adorei poder ver sua relação de paternidade com a filha, já que ele a trata com responsabilidade, e, mesmo com tantos casos para resolver, ele está sempre se preocupando com a menina, lhe orientando e apoiando-a, sendo esta uma relação muito legal entre os dois.
Fiquei muito feliz também pelas situações que o autor escreveu no segundo plano. Uma foi que a filha, Maddie, lia um livro do Stephen King que futuramente terá resenha aqui no blog, pois quero lê-lo. Em um outro momento ela cita Castle, que é uma série de TV que eu vejo e amo de paixão. Inclusive Michael Connelly já fez participações especiais na série, como um dos amigos escritores de Richard Castle, que também é um autor de romances policiais e, no programa de TV, desvenda crimes junto com uma detetive, Beckett.
Os capítulos são bem divididos com sua numeração na parte superior das páginas, folhas amarelas que confortam nossa vista, e é composto de trezentas e oito páginas. A fonte não é muito grande, mas não me incomodou, e os espaçamentos estão em bons tamanhos. A capa é muito bonita e segue o padrão com os últimos dois livros do autor publicados no Brasil pela Suma de Letras e que já foram resenhados aqui no blog, "Reviravolta" e "A Quinta Testemunha" (clique nos títulos para lê-las), só que desta vez está com as cores azul e verde.
Uma coisa que achei muito interessante é que, ao final da leitura, há uma nota da tradução que diz que o título original desta obra, “The Drop”, pode significar tanto a aposentadoria de Bosch, como a gota de sangue encontrada em Lily Price, a moça que foi assassinada no primeiro caso que comentei, e a queda de Irving Jr.
Para aqueles que gostam de excelentes romances policiais e estão abertos para uma leitura rica em detalhes, com tramas bem realistas e casos que parecem impossíveis, mas que vão ser resolvidos por conta da dedicação daquele que está à frente da investigação, além de contar com personagens cativantes, sendo, um deles, um detetive admirável, leia esta ou qualquer uma das obras protagonizadas por Harry Bosch.
Avaliação



Comente com o Facebook:

3 comentários:

  1. Eu absolutamente amo livros com detetives. Adoro o mistério, o suspense, e as reviravoltas que acontecem(pelo menos nos que eu já li). E como se não fosse o suficiente ter detetive, nesse livro ainda tem dois! Coisa boa! Eu vou colocar esse beleza na minha lista o quanto antes!

    ResponderExcluir
  2. Eu adoro esse gênero, sempre que posso leio. Nunca li nada do autor, mas fiquei curiosa! A capa é linda heim, só o título que me levou a algo sobrenatural... não uma história policial, mesmo assim, quero ler!

    bjo bjo^^

    ResponderExcluir
  3. Saber sobre novos autores policiais é sempre bom ! E curti a capa !

    ResponderExcluir