O Teste – O Teste #01– Joelle Charbonneau

Malencia Vale é uma jovem de dezesseis anos que sempre quis participar do Teste, programa elaborado pela Comunidade das Nações Unificadas, que tem como objetivo selecionar jovens adultos (esta é a idade que eles passar a ser considerados adultos) para continuar estudando, estendendo, assim, a formação acadêmica deles. Somente os melhores e mais brilhantes são selecionados e, após completar e serem aprovados no Teste, poderão frequentar a universidade e se tornarão líderes na reconstrução do mundo pós-guerra.
Cia não sabe nada sobre o teste. Seu pai foi um dos selecionados em sua época e agora pode ajudar toda a Colônia de Cinco Lagos com tudo o que aprendeu na universidade, como, por exemplo, modificar geneticamente plantas e árvores para sobreviverem no solo deteriorado de onde vivem. Ela sempre admirou o pai e seu trabalho e gostaria de poder fazer alguma coisa parecida para ajudar as pessoas também. Só que, quando Cia é aprovada, ele logo se mostra preocupado porque, apesar de não se lembrar com exatidão de tudo o que viveu naquele período, ele acredita que um grande perigo a aguarda, então tenta alertá-la a não confiar em ninguém e fazer de tudo para se manter em segurança.
Agora Malencia vai para longe de sua família e amigos para enfrentar uma grande mudança em sua vida. E precisará de coragem e inteligência para lutar contra o que estiver em seu caminho. Será que deve confiar no sistema ou ir contra este governo opressor?
Quem acompanha minhas resenhas sabe que eu adoro distopias, então sempre fico ansiosa para começar uma nova e desta vez não foi diferente, assim que vi que este livro seria lançado pela Editora Única sabia que precisava lê-lo o quanto antes. E fico contente por tê-lo feito, já que curti bastante esta obra de Charbonneau.
Esta é uma trama inteligente, e a autora criou todo um embasamento por trás do Teste e vamos saber mais sobre ele, a distopia e todo o plano de fundo conforme vamos avançando as páginas. Realmente achei a escrita da autora muito boa e sua narrativa bem detalhada, além disso, a leitura é fácil e muito bem desenvolvida, então não dá para ficarmos confusos com nada.
Achei legal, inclusive, que ela não tenha deixado algo essencial de lado, nem algum furo. Mesmo que existam pontas soltas que serão desenvolvidas nos próximos volumes, este livro tem um final do que foi proposto para ele, e quero descobrir o que Joelle preparou para as continuações, como, por exemplo, ainda não sabemos tudo o que aconteceu com alguns dos outros candidatos, e estou curiosa para desvendar qual o propósito real do teste, além de precisar solucionar a verdade sobre alguns personagens.
Gostei bastante da protagonista, que é muito inteligente, corajosa, e tem um lado racional bem forte, mais do que estamos acostumados a encontrar em livros do gênero jovem adulto distópico, além de ser bondosa e querer ajudar os outros sempre (mesmo que saiba seu lugar e não abuse de sua sorte). Curti poder acompanhar tudo o que ela pensava, e como ela refletia sobre como agir em seguida, antes de, de fato, ir em frente, sem fazer nada por fazer e nem por impulso, a menos que estivesse em perigo evidente, mas aí concordo mesmo em se comportar assim.
Desde o começo, Cia acaba sabendo pelo pai que pode haver algo ruim durante o teste, mas ele não pode lhe dar certeza de nada quanto a isso, pois não se recorda de como foi sua experiência neste Teste. Então, desde este momento, ela já começa a ficar com um pé atrás, com muitas desconfianças, e, juntamente com ela, não sabemos de nada concreto. Até que, de repente, sem aviso prévio ou preparação, as mortes começam a ocorrer, uma a uma, e a grande maioria delas de maneira fria e calculista, só reiterando o quanto o ser humano pode ser horrível, principalmente quando ele é livre para agir assim. Então eu achei fascinante poder acompanhar este desenvolvimento da narrativa junto com a protagonista, ver tudo tomando forma e acontecendo com o passar das páginas, o que acabou me surpreendendo em vários pontos.
Achei o Teste muito interessante dentro de uma ótima distopia. Os três primeiros testes parecem realmente coisas atuais, com provas escritas (estilo vestibular ou provas de concursos públicos, por exemplo), outra com trabalho manual, raciocínio e lógica, e também em grupo, para ver como as pessoas funcionam trabalhando em conjunto. Só que muito mais sinistros, afinal, podem sair mortes dali, o que acaba sendo muito chocante, tanto para os participantes quanto para os leitores.
A quarta etapa do Teste, e também a mais duradoura, tanto em termos de tempo na história, quanto de páginas no livro (as explicações, seguidas pelo teste em si começam na página 133 e vão até quase a última folha) é a mais tensa, porque eles são deixados ao ar livre sozinhos, buscando e lutando pela sobrevivência, e é recheada de perigos e rodeada de mortes importantes, mesmo que a gente não possa acompanhá-las em todos os momentos. É também a mais intensa, aquela parte em que sabemos realmente que estamos lendo uma distopia, mas, infelizmente, também é a mais lenta do livro.
Nesta parte parece que a maioria das coisas é igual e, ao mesmo tempo em que eles têm dificuldades em atravessar este momento, há muita facilidade em encontrar coisas que os ajudem a percorrer o caminho mais facilmente, o que acabou me incomodando. Além disso, são poucos os momentos em que há muita coisa acontecendo, geralmente só vamos acompanhando a protagonista caminhando, procurando (e achando) comida, e pensando no que fazer para chegar ao seu destino. Então senti um pouco a falta de mais agilidade e ação.
Falando em alimentação, achei bem desnecessário a autora ter falado tanto de comida no livro, porque, sem brincadeira, desde o momento em que eles começam a quarta rodada do Teste não fica uma página sequer sem que os personagens comam ou falem de alimentos, e depois eles ainda emagrecem, coisa que eu não sei como foi possível.
A narrativa é em primeira pessoa e, por conta disso, a única personagem que conhecemos mesmo é a protagonista. Os demais personagens só podemos saber quem são através de seu olhar, e também do que eles gostariam que ela soubesse sobre eles, o que faz com que a gente, assim como Cia, nunca saiba em quem confiar. Só que, diferente dela, eu realmente não acredito nas pessoas e sempre acho que pode ter lobo escondido em pele de cordeiro, então sempre fico alerta, desconfiando de tudo e todos. E o bom é que a autora realmente sabe mexer com nossa cabeça também, até mesmo o par romântico de Malencia tem um segredo que ainda não foi revelado.
Mesmo no meio de tanto caos há sempre espaço para o amor, o que eu adoro, pois, além de gostar muito de casais, acho que dá uma amenizada em tanta coisa ruim e triste. O romance deste volume é fofo e gostei do desenvolvimento que a autora deu para ele, mas, a desconfiança que foi plantada mais para o final, nos deixa curiosos para saber se podemos confiar em Tomas ou não. Também há um início de um triângulo amoroso, mas eu acredito (e espero mesmo que esteja certa) que não será desenvolvido, até porque descobrimos uma coisa neste volume que não faria nenhum sentido se isso fosse adiante.
Uma parte que achei estranha e até meio forçada, é que Cia sabe tudo de tudo porque já vivenciou algo parecido quando era mais nova. Por exemplo, se tivesse falando de descobrir qual planta é ou não venenosa, ela comentava que seu pai havia ensinado isso antes, se tivesse que atirar, já havia treinado com sua família e era muito boa naquilo. Quebrou algo? Tudo bem, ela já tinha construído algo assim antes. Encontrou um labirinto? Cia fora treinada pelo pai junto com seus irmãos e participava de competições quando mais nova para ver quem encontrava o fim primeiro, e coisas destes tipos.
O final é ótimo e me deixou super curiosa para saber o que vai acontecer no segundo volume da trilogia, “Estudo Independente”, lançamento deste mês da Editora Única. E preciso parabenizar a editora por ter publicado os dois volumes com tão pouco tempo de diferença (o primeiro foi publicado em abril), porque é muito chato esperar tanto por continuações e, com lançamentos próximos, a nossa memória ainda está fresca e vamos conseguir lembrar tudo sem fazer esforço.
Adoro a capa, que tem tudo a ver com o conteúdo, além de ser linda e única, afinal foi criada para representar este livro e uma parte de extrema importância, então não vai haver outra parecida por aí. A versão impressa está ainda mais maravilhosa, com alto-relevo no símbolo e no título, e baixo relevo na estrela de dentro, além de verniz localizado no raio, no título e em números transparentes que só aparecem no livro físico.
O trabalho gráfico interno é simples, mas bem feito. A diagramação está com letras em tamanho não muito grande, mas que não incomodaram a minha leitura, além de contar com um espaçamento muito bom. Os números dos capítulos estão dentro de um detalhe gráfico, as folhas são leves, grossas e amarelas. E, na orelha de trás, há um marcador destacável deste volume, que por sinal é lindo, mas eu não vou destacar por motivos de ser desastrada e gostar dele ali mesmo.
Recomendo esta ótima distopia para todos os fãs do gênero que gostariam de descobrir uma nova forma de governo com um desenvolvimento diferente. A protagonista é ótima, e adoro esta possibilidade de não poder confiar em ninguém entre os outros personagens cem por cento, porque nos deixa apreensivos e ansiosos para desvendar mais do que vem por aí. Se você gosta de histórias voltadas para o público jovem bem construídas e com um desenvolvimento muito bem feito, então com certeza vai gostar do primeiro volume da trilogia “O Teste”.
Avaliação



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4 comentários:

  1. AIIII!!!!! Como eu quero ler este livro! rsrsrsrrsrs
    Só consegui ficar mais curiosa! Amo distopias e esta está no topo dos meus desejados!!!! rsrsrsrrs

    bjo bjo^^

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  2. Muito bom esse livro, estou lendo Estudo Independente (continuação) e com certeza vou ler o ultimo, muito bom, recomendo !!!!!

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  3. Essa distopia é uma das que mais quero conhecer, achei incrível a ideia da Joelle de adaptar muito da nossa atual realidade para uma visão futurista. É evidente a nossa proximidade com o enredo desse livro, e por essa razão desejo muito conhecer essa série, Cia se enquadra bem na descrição dos jovens que desejam alterar nossa realidade, e acredito que será um livro bom de se ler.

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  4. Eu amo qualquer distopia, esse estilo literário tem algo que me conquista completamente. Depois de ler críticas incríveis sobre esse livro, tinha ficado doida pra ler. Agora depois da sua resenha, compreendo que será um tipo de livro que me fará amá-lo e se tornará um dos meus favoritos.Bjs e parabens pela resenha

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