Convergente – Divergente #03 – Veronica Roth

Apesar de essa ser uma resenha do terceiro livro da trilogia, não há nenhum tipo de spoiler desse nem dos dois volumes anteriores, Divergente e Insurgente (para conferir as resenhas, clique nos títulos).
A única sociedade que Tris Prior conheceu até agora foi a dividida por facções, que ela, seus familiares e amigos vivenciam desde o nascimento. Só que existe muito mais do que Chicago além das fronteiras da cidade e pode ou não ser diferente de tudo aquilo. Os questionamentos estão presentes em seus pensamentos: Existem outras pessoas? Como elas agem? Como vivem? Como são os outros locais?
Num momento desfavorável para os moradores de Chicago, por conta de guerras pelo poder, resultando em violências, perdas e traições, eles descobrem uma grande revelação e precisam desvendar até onde aquilo pode ser real e o que isso significa para toda a população. Tris e mais alguns outros personagens que conhecemos anteriormente saem em busca da verdade, mas essa pode não ser a mais sábia das opções e muitos sacrifícios podem acabar ocorrendo no meio do caminho. Mas eles escolheram ir atrás de respostas e estão dispostos a tudo para consegui-las.
Eu odeio spoilers e fujo deles com bastante êxito na maioria das vezes, mas por mais que eu tenha conseguido evitar ler qualquer coisa a respeito dessa trilogia, minha amiga acabou me dizendo o que iria acontecer (não tinha como fugir da voz dela, então...), e eu não conseguia parar de pensar nisso desde o momento em que soube, portanto quando abri o livro para começar a leitura fiquei com aquilo na cabeça. Saber o que ia acontecer no final infelizmente acabou afetando bastante enquanto eu ia acompanhando o livro, o que é sempre ruim.
Uma pena que mais uma das séries que era minha queridinha com os primeiros volumes, termine de uma maneira meio decepcionante. Não sei se sou eu que fico com expectativas altas demais para as finalizações das séries ou se realmente são os autores que não conseguem fechá-las com maestria, só sei que infelizmente Convergente não foi tudo o que eu esperava, pelo contrário, ficou bem longe disso.
Por um lado, acredito que esse fechamento que Roth encontrou para sua história foi bem satisfatório, afinal encontramos diversas respostas que nos fazíamos desde o primeiro volume, outras que foram plantadas no final do segundo, nos deixando ansiosos para saber sobre tudo o que era verdade e o que não passava de uma ilusão, e ainda aquelas que foram introduzidas nessa finalização. E respostas para nossas dúvidas é o que sempre pedimos quando acompanhamos alguma história, seja ela através de livros, séries, filmes, etc.
Por outro lado, acho que a autora quis colocar tantas explicações para tudo que acabou se perdendo em outros pontos, como o ritmo da narrativa, que ficou muito mais lento do que os outros volumes (o que eu não gostei), os personagens acabaram perdendo um pouco ou muito de sua essência, o que também me incomodou bastante, e, claro, o final, que mesmo sendo mais realista e conivente com tudo o que estava acontecendo, não consegui gostar nem um pouco. Acho, sim, que poderia ter sido diferente e se fosse, teria sido maravilhoso. Vou explicar melhor esses detalhes para vocês não ficarem meio perdidos, mas podem ficar tranquilos, nada de spoilers aqui.
Esse volume foi mais do mesmo em relação a algumas atitudes dos personagens, nada de evolução por parte deles, cometendo os mesmo erros passados. Tris, como sempre, só se preocupa com os demais e faz coisas estúpidas sem pensar nas consequências, Tobias acaba sendo mais ou menos igual a ela, mas menos estúpido, e ele se sente bem mal consigo mesmo em grande parte do tempo, nada daquela imagem que Tris tem dele. Também não acho que nenhum dos outros personagens secundários tenha feito tanta diferença ou ganhado um destaque muito bom, o que ficou faltando.
A narrativa nesse volume, diferente dos anteriores, foi intercalada entre Tris e Tobias. E eu curti isso porque ele é meu personagem preferido da trilogia, então pude conhecê-lo um pouco melhor, apesar de toda a melancolia.
Só que também achei bem chato que Tris, que era uma pessoa destemida e imprudente, nesse livro ficava o tempo todo dizendo que não queria morrer, que não estava preparada para isso, que gostaria de viver mais, o que não fazia nos livros anteriores, ela enfrentava as situações e só depois pensava nas consequências (claro que tem vez que ela ainda faz isso aqui, no pior momento, mas ainda assim). Sendo esse volume mais parado acho desnecessário ela repetir essa mesma coisa inúmeras vezes.
Tobias é um personagem do qual eu realmente gosto muito, mas acabei me decepcionando com algumas de suas atitudes nesse livro, mesmo que em outras ele tenha sido maravilhoso como sempre. Mas, no final, eu realmente, realmente mesmo, esperava que ele tomasse uma atitude melhor. Sim, eu desejei vingança e acredito teria sido mais feliz se ele tivesse ido atrás dela.
Também apareceram mais cenas românticas, Tris e Tobias estavam mais fofos um com o outro e conseguindo se soltar mais, interagindo de forma mais leve e apaixonada. O que eu curti bastante porque adoro romance e teve pouco nos dois primeiros volumes. Teve até ideias de triângulos amorosos dos dois lados, mas, que bom, não passaram de ideias porque eu ia odiar isso. Hahaha
A maior parte do livro são discursos e explicações, então não há ação, o que só ocorre mais para o final da leitura. As poucas cenas movimentadas são rápidas e sem graça, e só servem mesmo para matar ou ferir algum personagem para depois voltar ao mesmo ciclo de respostas e seguir assim até o final (com mais esclarecimentos e dúvidas do que outra coisa). Quem gosta de narrativas mais lentas pode curtir essa nova característica, mas confesso que eu esperava um ritmo mais alucinado para esse volume.
Apesar dos pontos negativos, e dos escassos conflitos, há muitos momentos repletos de tensão, por ficarmos na expectativa de como eles vão sair dessa, se vão sobreviver, como tudo vai ser no futuro, entre outros, e é isso que mais nos move à frente, nos fazendo engolir as páginas para desvendar logo todos os grandes mistérios da história criada por Roth.
Também acho que diversas cenas foram totalmente desnecessárias, enquanto outras situações eram repetidas (ou contadas) inúmeras vezes, então poderiam facilmente ter sido cortadas, e o livro poderia ter sido menos extenso que continuaria fazendo o mesmo sentido.
O mundo de fora pareceu quase igual ao de dentro, não com os mesmo ideais, mas sim com o mesmo preconceito e divisão de classes. Ou seja, mais do mesmo, só mudando as palavras, e achei isso bem sem graça, como se tivesse faltado criatividade para elaborar algo diferente.
E acho que as resoluções para os problemas acabaram sendo meio fracas também, admito que esperava algo mais desenvolvido. Eles ficaram o tempo inteiro tentando bolar soluções para tudo o que estava acontecendo, formando vários planos de resistência e não sei mais o que, quando o Tobias, no calor do momento, resolveu propor uma coisa a uma pessoa importante, que nem hesitou ou pensou duas vezes e, pronto, tudo foi resolvido.
Se era assim tão simples, por que demorou tanto para acontecer? Precisavam sacrificar tantas vidas para chegar a esse resultado? E por que no final ficaram todos bonzinhos? Acho que a autora realmente poderia ter trabalhado melhor essa questão do final, que foi a parte que mais me decepcionou.
Mesmo sabendo o que ia acontecer, não consegui deixar de ficar triste com o fim, que fez meu coração quebrar em mil pedacinhos e eu não pude conter as lágrimas. É maldade fazer um final desses, eu sou mais fã dos finais felizes que, apesar de ser encontrado aqui, não foi exatamente da forma que esperava.
Acho que o intuito de Roth com um fim desses foi, principalmente chocar, e, claro, que todos falassem sobre isso. Sei que pode ser um desfecho mais realista, mas viver também não faz parte da realidade?
Apesar disso, achei interessante que a conclusão não acabou no ápice e, sim, depois dele, então sabemos o que aconteceu quando tudo foi resolvido e o futuro mais à frente. Além disso, a história teve uma finalização fechadinha, o que eu prefiro a que ter que ficar imaginando o que poderia ter acontecido em seguida.
A parte gráfica está ótima e segue o padrão dos anteriores, o que acho sempre maravilhoso. A capa foi mantida a original, com verniz localizado no título, e é linda, acho até que é a minha preferida entre as três. A fonte e espaçamento do miolo estão muito bons para a leitura por mais tempo, ainda contanto com páginas amarelas.
Recomendo a leitura principalmente para todos aqueles que querem saber como a história da Chicago de Tris começou, para encontrar um desfecho fechadinho com a resolução de tudo o que foi apresentado ainda em Divergente e depois em Insurgente, para se emocionar, se revoltar, xingar a autora (e Tris), para ver a vida real como ela realmente é, com altos e baixos, e, também para observar e compreender as complexidades do ser humano, com erros, acertos, crueldade, sacrifícios, amizade, e amor.
Avaliação



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Um comentário:

  1. Acho que eu fui a única leitora que deu 4 estrelas para este livro.... e só foi 4 estrelas por causa do final, pq de resto eu adorei!
    Infelizmente, a narrativa ficou sim um pouco mais lenta, mas não deixou de ser perfeita. Tbm senti falta de uma explicação melhorada, mas... nem tudo são flores neh? rsrsrsrrsrs

    Esta é uma das minhas séries preferidas, estou doida para vê-la no cinema, estepro sinceramente que seja bem fiel ao livro. Acho que ainda não deixei a ficha cair sabe? Adoro a Tris, ela só vem em segundo plano, quando trata-se de Rose (AV). Achei a personagem maravilhosa e muito guerreira. Tobias me encantou mais nos primeiros livros, neste, mesmo com a narrativa intercalada entre os dois, senti falta daquele "herói" dos primeiros livros.... senti mais pena dele do que admiração! rsrsrsrsrs

    Adorei sua resenha! Quisera eu resenhar com tanta perfeição! rsrsrsrsrrs

    bjo bjo^^

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