2083 – Vicente Muñoz Puelles

Estamos em 2083 e a leitura não é mais a mesma de antigamente, afinal o mundo é bem tecnológico e as pessoas não tem tempo ou falta interesse nesse passatempo maravilhoso. Livros de papel? Acabaram faz tempo. Livros digitais? Até esses são quase escassos e muito difíceis de serem encontrados. Somente poucos exemplares estão perdidos pela internet (cosmonet), e mesmo assim só os clássicos, nem mesmo nas aulas existe leitura.
David, um jovem que tem como companhia apenas seu pai, que ele carinhosamente chama de Pa, e de seu cachorro robô, Nove, acaba vendo uma reportagem na televisão dizendo que livros físicos intactos foram encontrados, e ele logo se interessa por eles. Buscando mais informações sobre o assunto, que o deixa tão fascinado, David descobre que seu avô era um escritor, mas a única cópia do seu livro que ainda existe está presa em uma caixa porque caso contrário se desintegraria, deixando-o muito curioso a respeito da história inventada por ele.

E também há a empresa em que seu pai trabalha, a Bibliotravel, que nada mais é do que um espaço onde as pessoas podem viajar através dos livros. Isso mesmo, a pessoa vira um personagem (podendo ser protagonista, coadjuvante ou até alguém com pouca importância) de um livro clássico e pode viver a história pessoalmente! Isso acontece porque o cliente escolhe um título num catálogo e sensores são colocados nele, dando a possibilidade de sentir tudo o que o personagem vive dentro da história, podendo modificá-la de acordo com suas próprias vontades, alterando o rumo dos acontecimentos na sua experiência, mas sem afetar o livro para as próximas pessoas que viajarem para lá.
Cada experiência de viagem é única, uma mesma pessoa pode visitar o mesmo livro e viver diversas aventuras diferentes, ou escolher novas obras a cada vez que vai lá, podendo ficar minutos ou horas vivendo aquela experiência fantástica. E é aí que o leitor vai viajar junto com David, que se tornou um viciado em conhecer e viver novos livros.

Esse livro é muito fofo, principalmente para quem gosta de ler, porque reitera, através de David, que nunca antes teve contato com os livros, que a leitura é algo mágico, encantador, e trás muitas coisas positivas aos leitores de modo geral, não importa qual tipo de literatura é.
Gostei muito de David, e acho que ele combinou perfeitamente no papel de protagonista. Também curti Pa, apesar de no começo haver uma relação mais fria entre pai e filho, que acaba se desenvolvendo positivamente com o passar das páginas. E gostei muito de poder acompanhá-la.

Gente, eu queria que existisse uma Bibliotravel porque eu realmente gostaria de vivenciar os livros “fisicamente”, seria maravilhoso poder sentir que estou vivendo as histórias que tanto gosto de ler de uma maneira tão diferente. Eu ia ser uma cliente de carteirinha. Hahaha Uma boa criação para inventarem e colocarem em prática futuramente, só que sem a parte de os livros de papel e os digitais ficarem extintos, isso nunca!
Não li nenhum dos livros pelos quais David viaja e, apesar de ter gostado de acompanhar as histórias através dele, que acabavam tendo um rumo diferente do verdadeiro, acho que vai ser mais interessante ainda para quem já leu os originais, pois vão poder compará-las, pensar o que fariam diferente e entender melhor tudo o que ele está vivenciando ali.

A narrativa é simples e direta, e não há muito aprofundamento das coisas que acontecem, o que pode acabar incomodando algumas pessoas, mas em minha opinião encaixou muito bem com o enredo de modo geral. Além disso, a história é muito envolvente e também reflexiva.
O que eu achei muito bonitinho é essa demonstração de amor pelos livros e pelas histórias, coisa que podemos encontrar em todas as páginas, e também o modo como a imaginação é muito importante em nossas vidas. Dá gosto de ler algo assim.

“Fiquei pensando que o ser humano é uma espécie desconcertante, capaz de todo mal, e também de todo o bem. Por um lado, assolamos o planeta, causamos a extinção das demais espécies, provocamos guerras e fome e acabamos quase com a totalidade dos livros de papel. Por outro, somos capazes de mover céu e terra para encontrar um só livro e fazer uma cópia.”
Só acho que o final deixou a desejar porque dá a entender que uma pessoa pode ficar presa dentro de um livro na Bibliotravel, ou trazer algo de dentro deles, mas não faz sentido já que eles só experimentam a sensação de estar vivenciando as histórias através de estimuladores sensoriais que enviam a informação para o sistema nervoso, e não entram de verdade nas histórias.

A diagramação, como já podemos esperar da Biruta, é maravilhosa! Todo início de capítulo há duas páginas com o fundo na cor cinza e branco, com um QR Code e linhas azuis, que também estão presentes nas páginas do livro, como vocês podem ver nas imagens espalhadas pelo post. Além disso, a fonte e o espaçamento estão bem confortáveis para a leitura.
Com uma narrativa em primeira pessoa que flui muito bem, uma história bem gostosa de acompanhar, personagens fofos e o amor pelos livros bem evidente em todas as páginas, indico a leitura de 2083.
Avaliação



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5 comentários:

  1. amei sua narração ! Tive vontade de ler 2083 agora mesmo ! Seria mesmo muito fantástico poder vivenciar a história de um livro preferido , entretanto , imaginar um mundo sem livros - ou com estes muito escassos - é algo muito surreal para mim - surreal e inimaginável. COMO PODERIA VIVER SER LIVROS ? 33: . Enfim , amei a narração e fiquei encantada com o livro. Pretendo lê-lo muito em breve (:

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    1. esqueci de botar meu nome haha
      nome : drea
      link : https://twitter.com/_dreaduarte , (:

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  2. Nossa! Que livro incrível! Já vou adicioná-lo na minha listinha de desejados! Não o conhecia e fiquei encantada com a sua resenha, acho que eu tbm iria adorar viajar por uma história (Dimitri que me aguardasse! kkkkk).

    bjo bjo^^

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  3. Nossa é um livro bem interessante, apesar de não conseguir imaginar o mundo sem livros físicos, que triste isso.
    Mas eu ia gostar de vivenciar a história de um livro com toda certeza.
    É legal quando o livro possui referencias literárias q vc já tenha lido.

    Amei a resenha.

    Bjokas

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  4. Que edição incrível da Editora Biruta!
    O livro parece bem gostoso de ler, apesar da história um pouco aterradora haha Sou uma eterna e ferrenha defensora dos livros físicos e só de pensar na extinção deles me dá tristeza.

    http://www.blogcoisaetal.com

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