O Chamado do Cuco – Cormoran Strike #01 – Robert Galbraith

Lula Landry era uma modelo muito famosa, que vivia cercada de pessoas do meio e paparazzi a seguindo onde quer que fosse. Com tantos seguidores, ela era alvo fácil e todos sabiam tudo o que fazia e com quem estava. Mas a vida de Lula era problemática, ela usava drogas, tinha um namorado que também usava e de quem ninguém gostava, e ela ainda tinha distúrbios psicológicos. No dia de sua morte, havia brigado com o namorado e ido para casa sozinha, pouco antes de cair da sacada de seu prédio.
Logo a notícia foi comentada por todos, e em variados meios de comunicação, ofuscando até outras matérias que deveriam ser mais importantes. Até que, por falta de melhores e mais conclusivas provas e a certeza de que a única testemunha havia mentido, foi declarado suicídio, afinal Landry era desiquilibrada, rebelde e dona de uma personalidade frágil, que foi corrompida pelas companhias com as quais andava.
Só que o irmão mais velho de Lula, John Bristow, não aceita a declaração de suicídio dada pela polícia e resolve, ele mesmo, procurar um detetive particular para rever o caso e desvendar o crime que possivelmente foi cometido, ele inclusive tem sua própria linha investigativa a respeito do que aconteceu realmente. É aí que ele encontra Cormoran Strike, um veterano de guerra que teve que sair do exército por conta de um ferimento grave, filho de um astro de rock com uma tiete que se drogava, que está falido e acabou de se separar da noiva. O detetive resolve aceitar o trabalho, que acaba ajudando-o com as dívidas e com a nova vida que está vivendo, e se vê envolto em um mistério que pode acabar colocando ele próprio em perigo.
Para quem não sabe, mas acho que no momento todo mundo já deve ter esse conhecimento, Robert Galbraith na verdade é um pseudônimo de J.K. Rowling, que só um tempo depois do lançamento de sua obra admitiu que ela quem tinha escrito. Não leio tantos livros nesse estilo (apesar de assistir a muitas séries), mas fiquei realmente curiosa a respeito desse em específico principalmente porque vi muita gente falando muitas coisas boas da leitura, e porque nunca li nada de J.K. Rowling e achei que seria uma boa opção de livro para começar.
A investigação aqui é mais introspectiva e reflexiva, porque precisamos perceber o que os suspeitos falam, como dizem e o que podem acabar revelando no processo. Não é um livro de ação, que você vai roer as unhas e ficar com o coração acelerado com o que pode ou não acontecer, a resolução vai ser encontrada através de entrevistas com as pessoas que fizeram parte da vida de Landry nos momentos antes de ela mergulhar para sua morte, é voltada a usar a inteligência para descobrir a verdade nos detalhes, é um jogo de observação e dedução.
Gostei muito da leitura, a achei bem envolvente. Eu ficava prestando atenção em todos os detalhes para poder desvendar o crime, e para entender melhor cada um dos personagens. Confesso que em alguns momentos a leitura ficou meio arrastada por conta de descrições, mas nada que fizesse gostar menos, apenas fez com que eu demorasse mais para ler.
A construção dos protagonistas feita por Galbraith (Rowling) está ótima, nós vamos conhecendo eles um pouquinho mais a cada página, suas particularidades, seus problemas, o que os faz se sentirem melhor. O que mais gostei é que todos são gente como a gente, ou seja, ninguém é perfeito, apenas real. Eles são simples e complexos, como todo o ser humano é.
A narrativa é em terceira pessoa, e o protagonista é o detetive Strike, mas vez ou outra podemos acompanhar um pouco dos acontecimentos girando em torno de Robin Ellacott, sua secretária temporária, que o conhece logo nas primeiras páginas do livro. Enquanto vamos seguindo com a investigação podemos acompanhar a vida deles por fora, entendendo mais sobre quem são eles, seus passados e presente.
Por ser em terceira pessoa os pensamentos dos personagens não interferem nos nossos durante a investigação, mas também nos deixa de fora de alguns detalhes que eles podem enxergar nas pessoas que nós não podemos, simplesmente pelo fato de não estarmos olhando para eles, como eles estão.
Ambos os personagens são cativantes e carismáticos. Cormoran está passando por um momento delicado em sua vida, com muito sofrimento ao seu redor, ele é uma pessoa íntegra, não gosta de demonstrar seus sentimentos, e tem uma ótima habilidade de dedução. Por tudo o que passou em sua vida, e como está vivendo o seu momento, o leitor logo sente compaixão por ele, pelo menos eu senti.
Robin é adorável, logo no começo é demonstrado ao leitor que ela tem aquela vontade de ser detetive e de desvendar mistérios desde pequena. Ela fica curiosa e depois orgulhosa das descobertas que fez, sempre com aquele ar de investigadora nata, e isso acaba criando identificação em alguns leitores, como eu. Adorei a Robin, ela foi minha personagem preferida de todo o livro, e espero poder conhecê-la muito mais daqui para frente.
Os personagens principais foram me conquistando cada vez mais com o passar das páginas e fico feliz de que vou poder acompanhá-los nos próximos livros da série, que trarão histórias (os casos para serem resolvidos) independentes, mas com o mesmo detetive e algumas pessoas que fazem, ou começam a fazer, parte de sua vida. Então é aconselhável lermos desde o primeiro livro da série para conhecermos esses protagonistas mais a fundo.
Os detalhes da investigação vão sendo jogados para nós através de toda a história, algumas vezes de forma sutil, outras mais diretamente, e ainda há alguns que não são ditos, e que você precisa deduzir. Porém, no final, tudo é interligado, não sobrando nenhuma ponta solta, e eu achei isso realmente ótimo.
Nesse livro há um fechamento para o arco principal, que é a suposição do assassinato de Lula Landry, então você já vai saber o que e como tudo realmente aconteceu naquela hora, e suspeitei do responsável em algum momento, mas sem ter certeza de nada até a hora que Cormoran falou sobre isso.
O que deixa para ser mais desenvolvido nos próximos volumes é o entendimento entre os personagens principais, que começa a melhorar, mas ainda não é tão fortalecido, e suas vidas pessoais, que só somos introduzidos a uma parte dela, deixando muitas outras em aberto para descobrirmos melhor mais para frente.
 Sobre a parte gráfica, eu gosto bastante dessa capa, e a versão impressa tem verniz localizado no título e no nome do autor, e as páginas são amarelas. A diagramação é simples, mas muito bem feita, a fonte está em um bom tamanho e com espaçamento confortável. O livro é dividido em partes, no começo de cada uma há uma frase famosa, e em cada uma delas começa um novo primeiro capítulo.

Se você curte livros policiais, se gosta de uma investigação mais voltada a prestar atenção aos detalhes para desvendar os crimes do que para ação, com personagens incríveis, carismáticos e bem desenvolvidos, então indico a leitura de O Chamado do Cuco.
Avaliação



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3 comentários:

  1. Não tenho vontade de ler este livro. Adorei sua resenha, super sincera e muito bem feita, mas mesmo assim, não me contagiou... não sei porque, mas não sou tão fá assim da J.K. pra ler este livro... Se eu ganhá-lo, quem sabe!

    bjo bjo^^

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  2. Adoro livros desse estilo!!
    Estou curiosa sobre ele, quero ver com a autora se de sai em um estilo diferente do que estamos acostumados á ler dela!!
    Envolvente e rico em detalhes!!
    Acho que vou gostar bastante!!
    Beijos

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  3. Estou com esse livro aqui, mas deixei de lado porque estava achando um saco até onde eu li - acho que cheguei só até a página cem. Pelo o que me disseram, ele é ou ama ou odeia :/
    xx
    Flávia - Caverna Literária
    http://caverna-literaria.blogspot.com.br/

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