Cinder – Crônicas Lunares #01 – Marissa Meyer

Na série Crônicas Lunares podemos acompanhar protagonistas baseadas em personagens femininas dos contos de fadas que tanto conhecemos e amamos (tá, sei que nem todo mundo ama, mas enfim), só que em uma sociedade futurista. Cada volume será focado em um conto diferente, a começar por Cinder (Cinderela), seguido por Scarlet (Chapeuzinho Vermelho), depois vem Cress (Rapunzel), e para finalizar Winter (Branca de Neve). No primeiro livro só acompanhamos a vida de Cinder, mas nos próximos os capítulos são alternados com mais de uma protagonista.
Nesse primeiro volume, somos apresentados a uma sociedade onde humanos, ciborgues e androides convivem, mas não de uma maneira tão harmoniosa assim, já que os ciborgues são considerados aberrações. O mundo já passou por quatro Guerras Mundiais e agora apresenta uma divisão um pouco diferenciada, sendo que Cinder, nossa protagonista, vive em Nova Pequin, local que, junto com toda Comunidade Oriental é governado por um Rei. Além disso, a Lua também é habitada pelos chamados Lunares, que não são humanos e apresentam um tipo de poder mágico, e o dom da manipulação, e são governados pela terrível Rainha Levana.
O nosso planeta está vivendo em um período de frágil paz com o povo da Lua, mas os governantes estão cientes de que isso pode mudar facilmente, já que a Rainha Lunar poderia acabar com o mundo, se esse foi seu desejo real. Ao mesmo tempo em que há toda essa questão política rodeando o pano de fundo da história, há outra coisa ainda pior acontecendo com os seres humanos: uma doença denominada Letumose está atingindo a população, e pelo fato de ainda não haver uma cura, todos que a contraem, morrem em muito pouco tempo.
No meio disso tudo, conhecemos Lihn Cinder, uma órfã que foi adotada por um homem que morreu em seguida por Letumose, e passou a viver, então, com sua madrasta, Adri, e suas duas filhas, Pearl e Peony. Sua vida passa a ser um inferno, já que ela precisa trabalhar como uma condenada sendo mecânica, para sustentar a casa e a família. Para piorar, ela é uma ciborgue, ou seja, ela é humana, mas algumas partes do seu corpo são máquina, como, por exemplo, seu pé e sua mão. A única alegria de sua vida é a boa relação que ela possui com a meia-irmã mais nova, Peony, e com a sua fiel ajudante e amiga Iko, uma androide super fofa.
Nesse meio tempo, Cinder conhece Kai, o príncipe herdeiro, que a procura por sua fama de ótima mecânica para ajudá-lo a consertar sua androide, Nainsi, que parou de funcionar. O que ela não poderia imaginar era como sua vida iria mudar totalmente depois desse momento.
Minhas expectativas estavam super altas para essa leitura, inclusive porque estou numa onda de distopias, elas estão me agradando muito. Mas, infelizmente, elas não foram alcançadas e fiquei um pouco decepcionada, já que esperava mais da história.
Acho que a ideia da autora foi sensacional, inclusive acho que ela conseguiu misturar diversos elementos na história de uma forma muito bem feita, com tudo se encaixando perfeitamente nos lugares certos. Só que não consegui criar uma conexão com nenhum personagem, nem mesmo com a protagonista, Cinder, apesar de ter gostado de alguns deles, principalmente a Iko e a meia-irmã mais nova dela, Peony, e isso é um ponto crucial para eu gostar mais de algo que leio.
Uma outra característica que me incomodou, mas isso é um gosto pessoal que muita gente não compartilha, é que a Cinder só sofre, tudo de ruim que você pode imaginar aconteceu com ela, mesmo que de maneira indireta, porém que a afete diretamente. Eu gosto de ver dois lados da moeda, não gosto de ver pessoas felizes o tempo inteiro, mas também não curto ver só sofrimentos, coisas ruins rodeando alguém.
O romance foi mal desenvolvido, e os sentimentos aconteceram meio que do nada. Pelo menos não foi tão intenso quanto costuma ser em alguns livros, mas senti falta de uma exploração melhor nesse caso.
Apesar de não ter me ligado à protagonista, gostei da sua força de vontade, de sua luta para conseguir melhorar as coisas, da sua coragem e da sua independência, que foge bastante da história verdadeira da Cinderela. E guardo grandes expectativas para ela nos próximos volumes da série.
Apesar de ter achado interessante essa versão toda independente da Cinderela, admito que senti falta de algo mais parecido com o conto original, como a presença de uma fada madrinha, ou algo do tipo, já que essa é uma das características mais importantes do conto de fadas.
Esse livro é considerado uma distopia, mas não achei que ela foi explorada. É apenas uma sociedade no futuro, e mostra um pouco de como as pessoas sobreviveram à Quarta Guerra Mundial, e como os ciborgues estão introduzidos no mundo e na sociedade. Mas não fala muito de opressão, de privação, nem do controle da população, exceto pela parte da Rainha Levana, mas isso é por causa de sua raça e sua busca pessoal pelo poder, não da distopia em si.
Também acho que algumas coisas não foram tão bem explicadas assim, não posso dar mais detalhes nesse caso, pois seria spoiler, mas vou esperar pelos próximos volumes para ver como vai ser a adaptação da autora para trazer as respostas desse livro e dessa protagonista, já que serão várias protagonistas diferentes, e como tudo será apresentado ao leitor.
Falando nisso, essa ideia de misturar várias personagens conhecidas de uma maneira diferente é muito interessante e estou louca para ler os próximos para saber o que vou achar, só espero que não fique algo mal resolvido. Tenho vontade de continuar a acompanhar a série sim, principalmente porque haverão outras protagonistas e eu posso gostar mais delas e dos seus pontos de vista. Para aumentar mais o meu ânimo, li uma resenha de Scarlet que me deixou ansiosa para lê-lo, principalmente porque me fez acreditar que vou preferir a próxima protagonista a Cinder.
Sobre o final e as revelações que acabam sendo apresentadas ao leitor, nada me surpreendeu, tudo o que aconteceu eu já desconfiava (para não dizer que tinha certeza), há bastante tempo, porque a autora soltou dicas certeiras durante o desenrolar da história, é só prestar atenção que você já sabe de todas as respostas rapidamente.
A diagramação está muito bem feita e com páginas amareladas. Esse livro é dividido em quatro partes e no começo de cada uma há um trecho de Cinderela original, e a narrativa é em terceira pessoa, acompanhando Cinder na maior parte das vezes, mas em alguns capítulos Kai é o foco principal.
Adoro essa capa, ela passa bastante a ideia da história, apesar de ser um pouquinho diferente do que acontece com a Cinder, além de ser linda. Fico feliz que a Rocco tenha decidido mantê-la. A versão impressa está ainda mais bonita, com verniz localizado no sapatinho, no nome da autora, e na logo da editora, o título está em alto relevo e prateado, ganhando muito destaque. A lombada também está maravilhosa e fica divina na estante, com verniz localizado também no título, nome da autora, logo da editora e sapato.
A respeito das continuações tem notícia boa e algumas ruins para quem não gosta de esperar tanto tempo para saber o que acontece em seguida. Lá fora o segundo volume, Scarlet já foi lançado e não deve demorar tanto para chegar ao Brasil, mas os dois últimos livros, Cress e Winter, só tem previsão para 2014 e 2015, respectivamente. Ou seja, ainda falta uma eternidade para sabermos como vai acabar essa saga.
Indico a leitura para todos aqueles que adoram novas versões de clássicos infantis, mais modernizadas e com personagens mais independentes, cheia de ação e com uma mistura muito bem feita de elementos bem diferentes. Só espero que vocês possam gostar mais da protagonista e da história de amor que ela vive do que eu. Vou ficar torcendo para que Cinder consiga lutar contra tudo e que tenha uma vida melhor daqui para a frente.
Avaliação



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10 comentários:

  1. Qdo vi a capa deste livro, já imaginei que seria um stempunk (é assim que se escreve? rsrsrsrsrsr) Depois qdo li a sinopse, me interessei mais ainda. Gosto muito das resenhas daqui porque são muito sinceras e isso é o que mais importa pra mim. Pretendo ler este livro, mas confesso que minha vontade diminuiu um pouco! rsrsrsrsrs

    Ha!!! Thata sua fofa de carteirinha! Obrigada pelo comentário lá no blog vio, adorei!!!

    bjo^^

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  2. Oi, Tatha.
    Eu tinha lido algumas resenhas muito positivas sobre esse livro, mas agora vou pensar um pouco mais. Não gosto quando a história não é bem desenvolvida, ainda mais o romance porque adoro romances rs. Quero me envolver totalmente com os personagens e isso fica difícil quando a história não se desenrola bem e o final não surpreende. Mas acho a ideia de uma Cinderela numa distopia bem interessante e também adoro contos de fada recontados.

    Excelente resenha!
    Beijos.

    navirj.blogspot.com.br

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  3. Este comentário foi removido pelo autor.

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  4. Eu sempre olhei para esse livro e pensava "que capa fofa", mas nunca procurei saber sobre o que se tratava, eu até pensava que era sobre feiticeiras (vai saber o porquê disso, i'm crazy), mas agora estou totalmente encantada, me lembrou até o novo livro da Meg Cabot, Paula Pimenta e mais duas escritoras, acho que o nome é o Livro das princesas. Amo contos de fadas, amo amo amo, e essa "distopia" me encantou. Mesmo com as críticas, quero ler, sabe, sempre tem aquele livro que você sabe que vai se decepcionar mas mesmo assim você tem que ler, né? Tipo masoquista ahahahahahaha. Tatha amo suas resenhas, um beijo! <3

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  5. Nossa, sua resenha ficou muito perfeita, super explícita!
    Eu me animei muuito com a ideia dessa coleção, é realmente ótima! Adoro coisas que envolvem contos de fadas, mas numa versão que demonstre o presente ou futuro, como a série de Once upon a time. Mas realmente, deu pra perceber já que não há muita conexão com o conto, e isso sempre tira um pouco da graça ): é uma pena a autora ter acabado perdendo o foco da coisa.

    xx Carol
    http://hangoverat16.blogspot.com.br/

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  6. Adoro essa ideia de clássicos refeitos!! *-*
    Não conhecia a série e fiquei bastante interessada!!
    Cinderela num mundo totalmente diferente do que conhecemos né!!
    Amei a capa linda demais!!Mesmo não havendo uma ligação com o antigo conto acho que merece ser lido!!
    Beijos

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  7. Adoro distopias e releituras e desde o seu lançamento estou com muita vontade de ler Cinder.
    Essa é a primeira resenha que leio que fala dos pontos negativas da leitura, como o mal desenvolvimento do romance. =(
    Nossa, os outros dois livros só serão lançados em 2014 e 2015? É muito tempo de espera =/

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  8. Adoro distopias e quero muito ler esse livro por causa da personagem sei lá eu gosto como ela é descrita pelas pessoas apesar de já ter escutado comentários que nem o seu que ela só sofre.

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  9. Eu tenho esse livro aqui em casa, não li ainda, mas tenho. Estou com altas expectativas, pena q é muito tempo entre o lançamento das sequências, mas se a série for boa vale a pena esperar!

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  10. Poderia me dizer a onde achou a resenha de Scarlet, pois procurei muito e mesmo assim não consegui achar. Eu agradeço desde já. Obrigado!

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