Em Tempos de Liberdade – Ana Cristina Vargas

“O que é a biografia de um espírito? Um relato de inúmeras e infinitas existências, algumas perdidas nas noites do tempo. O trabalho muito grande para tão pequeno espaço.”
Posso começar a falar sobre esse livro falando da própria mentora, Layla, que foi através dela que conseguimos percorrer por essa linda e expressiva história verídica de um espírito liberto pela matéria, que narra sobre sua vida e suas experiências. Por meio dela, vemos como a vida nos transporta por tempos tão distantes e culturas tão diferentes. Isso tudo se deve ao seu progresso espiritual, nesse título é possível sabermos de uma de suas encarnações, que começou em Roma no ano 28 da era Cristã na Vila Lorena, no apogeu do Império Romano.
Como sabemos, ou melhor, como os livros espíritas nos mostram, vivemos várias encarnações, que o espírito vai e volta tantas vezes quanto se fizer necessário para a sua evolução. A cada passagem, com nova roupagem da matéria, evoluímos ou tentamos evoluir, mesmo que não nos lembremos de nada (e ainda bem que não lembramos, não é mesmo?). A nossa essência nos acompanha sempre, a alma continua. Se passamos por coisas boas ou ruins e não sabemos o porquê, talvez encontremos respostas em outras vidas, mas eu acho que é melhor continuarmos na ignorância, sem recordarmos na vida presente sobre o que vivemos em vidas passadas.
“Em tempos de Liberdade” faz parte de uma trilogia, sendo o segundo livro da mesma. Não é uma continuação do primeiro, e sim outra das encarnações de um mesmo espírito que passou por muitas coisas, ou seja, a leitura pode ser feita de maneira independente. Temos como protagonista Verônica, fruto de estupro praticado por um homem rude e ignorante (mais tarde o leitor acaba sabendo de quem se trata e o porquê de tudo acontecer), e cuja mãe era Mirina, escrava de Octávia, senhora de boa índole, que vivia reclusa, longe da vida social, era uma mulher amargurada e triste. O pai de Mirina foi escravo da família de Octávia, homem culto e mestre de Octávia, este fato fez com que ela tivesse por Mirina o maior apreço, a considerava sua irmã mais nova ou mesmo sua sobrinha.
Verônica, desde cedo teve que aprender as agruras da vida, mesmo tendo sido feliz quando criança, pois tinha proteção e isolamento dessas almas bondosas (Mirina e Octávia). A primeira juventude foi de dor e solidão, e sua personalidade torna-se autêntica e destemida. Com o sofrimento tornou-se prostituta, viveu nas ruas, na floresta, fez amigos e inimigos, aprendeu a seguir em frente pelos seus ideais. Foi gladiadora, viu a morte de perto, foi cobiçada, amada, odiada, mas, mesmo com tudo isso, conseguia manter no fundo do seu coração uma alma bondosa.
Um romano de nome Aurélius I a tirou da vida de prostituição e a levou para o seu palácio, até que ela descobriu que ele não era um homem bom como achava. Então fugiu da boa vida, pois para ela, era melhor comer frutas, caçar, pescar, tomar banho nos rios e dormir ao relento do que perder a dignidade e o respeito, e sujeitar-se as vontades de um amante tirano. Preservava a liberdade, e sua educação, sendo espartana, se difere dos valores romanos. Após Aurélius I, virou amante de Paulus, soldado “habilidoso, destemido e forte”, com ele teve momentos de paixão e submissão, até que pôs fim a esse relacionamento.
Por último veio Caio Petrônio, nobre de família rica que tinha um enorme coração e carisma. Com ele, Verônica descobriu o dom de refletir e de ser prudente. Lapidou o medo, tornando-se uma mulher determinada. Juntos, tiveram uma filha. Viviam muito bem e felizes, mas como a vida cobra muitas vezes os nossos erros e nossas ações, diversas vezes pagamos por algo que nem conhecemos e sofremos. Superar certas dores torna-se muito difícil, pois não achamos que viemos para sofrer, no entanto a vida cobra, e cobrou feio de Verônica.
Tudo o que ela passou é um choque muito grande para nós, leitores, agora imagine a esse espírito, Layla, que buscou dentro de seu íntimo tudo o que aconteceu com ela nessas encarnações que narrou. E acreditem, sofreu para valer.
 “O perdão é o mais potente remédio para os males da alma.”
“Confie que a vida tem uma justiça muito superior ao nosso acanhado senso e nada fica impune.”
Eu achei a Verônica uma pessoa admirável, porque mesmo sozinha ela superou muitas barreiras, sempre lutando. Vale ressaltar que muitos outros personagens foram importantes na jornada da personagem, e suas características foram muito bem construídas e exploradas. Mas também quero citar que gostei bastante de Caio Petrônio, pois ele foi de grande importância na vida e na evolução da protagonista.
Layla, o espírito que narra a história de sua vida em duas encarnações que vivenciou (a do primeiro livro, Em busca de uma nova vida, e a desse livro), não teve muita evolução entre sua encarnação como Dalilah e como Verônica, mas pudemos perceber que sua ambição diminuiu, e a procura por seus ideais continuaram firmes e fortes, sempre determinada e consciente daquilo que queria. Como Verônica ela pôde aprender mais sobre o perdão, coisa que não teve a chance quando estava na pele de Dalilah. Sei também que só agora, atualmente, é que Layla consegue relembrar sobre suas vidas terrenas, e narrá-las através dos livros, porque hoje ela é um espírito que alcançou um grau de evolução muito elevado, que lhe permitiu relembrar tudo o que viveu.
A capa é bem interessante e a cada capítulo tem uma foto diferente, dando a entender que sugere algo mais. No epílogo a foto da capa se repete, sendo que, como as outras, está em preto e branco. Quando começa cada capítulo há uma citação de vários pensadores ou de outros livros, inclusive passagens do Livro dos Espíritos de Allan Kardec, e também de William Shakespeare, entre outros. O livro possui 380 páginas e 38 capítulos, e a fonte utilizada é grande, permitindo que a leitura seja bem confortável.
Muito lindo e esclarecedor o epílogo, pois trata-se de uma carta para Verônica e uma passagem escrita por ela já com algumas explicações do plano espiritual.
Quero fazer duas observações, que achei interessantes. No livro fala de uma cidade “Cesareia Marítima”, no Mar Mediterrâneo. Pesquisei e descobri que foi capital portuária de Israel no período romano. Fala também de uma deusa cujo nome era Cibele, existem controvérsias sobre ela, mas era tida como mãe dos deuses, deusa dos mortos, da fertilidade, da vida selvagem, da agricultura, da caça mística, dentre outras que não precisam ser citadas, pois não integram o conteúdo desse livro.
Para encerrar esse volume, Layla ainda começa a descrever sua próxima encarnação, que será o último livro dessa trilogia. Ela virá nos primeiros séculos da Idade Média e será Eshe, uma beduína. Estou doida para ler.
“Verônica aprendeu que, carregando apenas as suas conquistas interiores, poderia encontrar o equilíbrio e viver Em Tempos de Liberdade.”

Essa é uma belíssima história de vida, com forte carga de emoção. As descobertas da protagonista, com sua existência cheia de altos e baixos, sua luta por melhorar a vida, por perdoar, e aprender o que é preciso para evoluir, são lições que vou levar comigo mesmo depois de ter acabado a leitura. Ficaria muito feliz de poder ler mais trilogias como esta, pois a cada leitura que faço compreendo mais esse universo encantador que é o estudo de nossas almas, nossas vidas, nossas encarnações, e sinto fazer parte de algumas delas. Fico feliz e gratificada por tudo que li e entendo melhor o que é ser um espírito eterno. Leitura mais do que recomendada!
Avaliação



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4 comentários:

  1. Eu adoro livros com este tema. Adorei a resenha, não li nenhum livro ainda desta série, mas já vou procurá-lo.

    Bjo^^

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  2. Você é espírita? Então, eu não me interesso muito por livros assim, estou por fora do assunto, mas você elogiou tanto! Tem muitos livros do estilo que são muito bem falados, até uns que dizem que foi escrito pelo espírito do autor russo Tolstoy! Fiquei curiosa!

    Garota das Letras - http://garotadasletras.blogspot.com

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  3. Interessante esse livro. Nem conhecia e gostei de ver, pela resenha dá uma baita vontade de conferir e ver se gosto também. A trama é bem boa.

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  4. Adorooo livros espiritas *-*
    Confesso que já faz muito tempo que não leio um =/ Mas adoro as resenhas que sempre tem aqui no blog sobre esse tipo de tema!!Assim fico com tanta saudade das minhas leituras espiritas e conheço mais e mais livros ótimos desse tema ♥
    Amei a resenha e fiquei bem curiosa sobre, não conhecia esse livro e me interessou bastante o que mais me intriga nessa religião são mesmo as reencarnações é um assunto muito interessante!!
    E a capa é linda!! ♥
    Beijos

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