O Livro das Coisas Perdidas – John Connolly


Em “O Livro das Coisas Perdidas” conhecemos David, um garoto que acaba de perder a mãe, e procura na leitura um meio de amenizar o que está sentindo no momento. Os livros passam a ser sua única companhia até que ele começa a escutar vozes vindas deles e depois acaba entrando em um reino encantado onde realidade e imaginação se misturam, e David se depara com diversos personagens durante o caminho que percorre.
Quando me deparei com a capa do livro, que é muito bonita, e vi o título, não fazia ideia do conteúdo pelo qual iria me aventurar durante a jornada incrível que foi a leitura.
Esse é um livro que retrata coisas perdidas num mundo de fantasias. Então, pode-se dizer que jovens vão gostar do que irão ler, mas acredito que seja mais voltado para o público adulto, ainda mais pelo fato de a história ser passada no contexto da segunda guerra mundial. Acho que o livro não teve uma boa abordagem inicial porque começa com o sofrimento da mãe de David e tudo o que ele tenta para amenizar sua dor, como se isso fosse possível, e até seria, mas apenas no mundo dele, pois tinha medo de perdê-la e, por isso, como qualquer criança, tentava protegê-la da dor. Era muito bonito seu amor, mas vê-lo sofrer e passar por todas essas coisas não foi muito legal.
No decorrer da história, muita coisa mórbida e sangrenta acontece, não só pelo reflexo da guerra, mas pela própria narrativa, que é tão profunda que choca a quem procura alguma coisa mais suave. Em algumas partes, são relatadas histórias que ouvimos quando crianças, os famosos contos de fadas, mas com versões muito diferentes das que estamos acostumados a escutar. Elas se fundem com o processo vivido pelo jovem, que está em fase de amadurecimento. O mundo da fantasia e o mundo real se transformam em uma só coisa, causando arrepios no leitor e, muitas vezes, indignação.
No mundo sombrio no qual vemos nosso protagonista entrar, me surpreendi com tudo que o homem torto fez para conquistar David. Suas artimanhas eram muito bem pensadas e planejadas, fazendo com que eu admirasse a forma como o autor escreveu todas elas.  Mas, mesmo esse reino encantando sendo assustador, cheio de perigos e de criaturas que matam crianças e viajantes, o protagonista acaba conhecendo pessoas legais como o Lenhador e o cavaleiro Rolando que o ensinam sentimentos como lealdade, companheirismo e amizade, fazendo com que David repense sua vida com a sua família e sobre a morte de sua mãe.
Nosso subconsciente as vezes se revela tentador por mudanças que gostaríamos de vivenciar para melhorar alguma coisa com a qual não estamos felizes e/ou satisfeitas. Mas, muitas vezes, ele nos trai, fazendo-nos desejar coisas que as vezes nos arrependemos.
E como dizia Picasso... “Tudo o que se pode imaginar é real”. Ou melhor, nós é que transformamos em real o que queremos que seja real.
O protagonista passa por processos tão confusos para amadurecer que, em alguns casos, dói muito. No final, o autor procura amenizar o sofrimento do jovem, que não era mais tão jovem assim, tornando sua jornada de volta menos dolorosa.
O livro começa e termina falando da morte, só que o término foi bem mais suave. Posso afirmar que o livro é muito bem escrito e a narrativa de John Connolly é muito inteligente. A dualidade de sentimentos é sentida sempre. A perseverança e a determinação do jovem foram extremamente aguçadas pelo brilhantismo da escrita. Esse é o primeiro livro que leio do autor, e o primeiro a ser publicado no Brasil, e já posso afirmar que me encantei com seu modo de escrever.
A diagramação está divina, adorei o trabalho gráfico da Bertrand. A capa é muito bonita e tem tudo a ver com a história. Inclusive há alguns elementos da trama presentes nela, e em cada começo de capítulo.
Em minha opinião, se esse filme fosse transformado em filme, com toda a tecnologia avançada na qual a nossa sociedade está inserida, tenho certeza de que seria de grande sucesso de bilheteria. 
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8 comentários:

  1. Olá!

    De fato, essa capa é linda!

    Adorei a premissa do livro... poder entrar numa obra, ainda mais em cenário histórico! *o*



    Beijos,

    Samantha Monteiro
    Word In My Bag

    http://wordinmybag.blogspot.com

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  2. Que capa super diferente!
    Nunca tinha ouvido falar desse livro,mas nossa que resenha tão linda!
    Vou buscar mais informações do livro,e tentar comprar esse mês,realmente gostei muito! (:

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  3. Só conhecia a capa e o título e, como você, não fazia ideia do que se tratava, só fui descobrir agora com a sua resenha.
    Acho que a premissa é muito boa, mas o modo como foi desenvolvido, voltado para o público adulto, não me agrada.

    @sophia_samhan

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  4. Interessante, apesar de não ser exatamente meu estilo de leitura, achei curioso o modo como seu enredo deve ser, eu gostaria de um dia poder lê-lo e conhecer sua estoria!

    Bjs

    www.daimaginacaoaescrita.com

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  5. Eu vi esse livro várias vezes na Saraiva e nunca me interessei por comprá-lo, mas vou repensar um pouco...

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  6. Adorei o enredo do livro e os detalhes que vc foi narrando...me soaram tão psicanalítico hehehe!!

    Agora eu quero o livro e mtooooo

    Miquilis:
    Bruna Costenaro

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  7. A capa é linda mesmo , mas esse negocio de falar de morte a e tal , acho que é meio sombrio demais eu gosto de romance de amor rs .Mas adoei a resenha , bjus

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  8. tentei ganhar este livro e perdi feio
    vou ter de comprar, mas o dinheiro que ;e bom....

    rodrigobill10@hotmail.com

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