Delírio – Delírio #01 – Lauren Oliver

Essa é mais uma de minhas resenhas grandes. Acho que, quando gosto tanto de um livro e quero passar meus sentimentos para as palavras, acaba sendo difícil expressar tudo o que senti em tão poucas, é como se ficasse incompleto.
Em “Delírio”, conhecemos Lena, uma garota que, prestes a completar 18 anos, faz contagem regressiva para receber a cura, ser pareada e poder ter toda a sua vida definida pelo governo, para, assim, ficar tranquila e sem medo de contrair a doença tão temida por todos: amor deliria nervosa, que já causou muito caos e destruição em parte de sua vida (sua mãe nunca foi curada, e sofreu consequências por isso, que continuam assombrando Lena até hoje). Lena entendia e respeitava a cura até conhecer Alex, um garoto que vai mexer com todos os seus sentimentos, fazendo-a se questionar sobre tudo o que conheceu até então.
Sabe aquela sensação que você tem quando gosta muito de um livro que está lendo? Difícil de explicar. É um sentimento forte, de querer ler o maior tempo possível, não querer largar nem um segundo. É rir, se irritar, xingar, se emocionar com tudo o que acontece. É torcer. É querer correr contra o tempo e acabar logo, ao mesmo tempo em que não quer que o final chegue nunca. É alegria e desespero. É tudo, e não saber definir esse tudo. Foi assim que me senti durante toda a leitura de Delírio.
A narrativa de Lauren é intensa e intrigante e, por saber que Lena iria se apaixonar (está na sinopse), passou a ser instigante porque eu ficava esperando essa situação chegar para ver como iria se desenrolar, e como a personagem iria lidar com tudo isso que estava para acontecer, já que seria uma mudança da água para o vinho.
Preciso confessar que não tinha tanta vontade assim de ler “Delírio” quando soube de seu lançamento internacional. Achei a capa maravilhosa e ficava babando sempre que via alguém mostrá-la por aí, mas não passava disso: admiração. Acho que eu ficava com um pé atrás com distopias em geral. Até que, como adoro romantismo (e o tema principal desse livro é o amor), resolvi que deveria tentar dar uma chance a ele. Não consigo me lembrar ao certo o que me fez mudar de ideia (pois é, minha memória não ajuda!), mas percebi que deveria tentar. E que bom que mudei de ideia! Se não, iria perder a chance de ter lido esse livro que se tornou um dos meus preferidos.
Como é normal em sociedades distópicas, o governo controla os cidadãos, reprimindo-os e conduzindo-os a pensamentos sobre o que é certo e o que é errado dentro de um ponto de vista. E, como é de praxe, a grande maioria das pessoas acaba concordando com esse poder – até porque, se não concordam acabam sofrendo as consequências (que podem chegar a prisão perpétua ou até morte). No caso de “Delírio”, o que é considerado uma doença e precisa ser extraído de toda a população é o amor.
Lena, no começo, tinha uma autoestima muito baixa, ela não conseguia ver beleza em si própria, só nos outros, e se rebaixava o tempo inteiro. Tudo isso era bem irritante. Outra característica que a deixou chata no início do livro é que ela parecia só ver uma linha reta na sua frente. Todas as coisas que o governo e as pessoas diziam que eram corretas, ela acreditava e ficava desesperada só de imaginar alguém fazendo algo contra isso, ela nunca olhava para os lados. Até que surgiu o amor, ela foi “contaminada” pela doença e sua personalidade também mudou. É como dizem por aí, o amor transforma as pessoas.
Quando eu falo assim, você deve pensar: “Nossa, não ia aguentar essa personagem!”. Ou então, “Como ela pode ter melhorado depois?” Ou ainda: “Se ela é assim, não quero ler esse livro!”. Mas, acredito que a grandiosidade da personagem é exatamente porque ela começou a entender o amor e a sociedade com o decorrer da história. Eu acho que ela foi incrivelmente bem construída e se encaixou perfeitamente para o papel a que foi introduzida, como protagonista. Não poderia ser alguém diferente, nem com características distintas, pois se não fosse a Lena, do jeitinho que ela era, não teria a intensidade e a verdade que ela conseguiu transmitir através das páginas. A maneira como ela foi aprendendo, questionando as situações, negando e depois aceitando cada uma delas, caiu como uma luva. Inclusive, a gente passa a entender melhor o porquê de a personagem agir como age, conforme a leitura vai avançando, comparando suas atitudes com as dos demais personagens e com a sociedade em si.


"Tenho apenas dezessete anos e já sei algo que ela não sabe: sei que a vida não é vida se você apenas passar batido por ela. Sei que o propósito – o único propósito – é encontrar o que importa e se ater a isso, lutar por isso e se recusar a soltá-lo."
Outra personagem que eu realmente gostei foi a melhor amiga de Lena, Hana. Ela era o oposto total da protagonista, não tinha medo das coisas e queria viver a vida sem precisar se preocupar com a sociedade e suas proibições. Sei que há um conto sobre ela, que acontece após Delírio, e antes de Pandemônio, mas ainda não li, apesar de ter bastante vontade.
Pode até ser que a sociedade distópica em si não tenha sido super original – para mim foi, já que esse foi apenas o segundo livro distópico que li. O primeiro foi “Nas Sombras”, que não é muito parecido. –, então algumas pessoas acabaram se incomodando com isso. Bom, eu não costumo me incomodar, porque hoje em dia é muito difícil algo ser totalmente original, e acredito que Lauren soube introduzir o tema amor como uma doença, muito bem e eu nunca tinha lido nada parecido, então acredito que a originalidade dela tenha sido bem desenvolvida nessa área.
Vejo o amor como um dos sentimentos mais bonitos que existem – se não o mais bonito! – e super admiro-o em suas diversas formas. Então é estranho imaginar como seria viver nessa sociedade onde ele é tratado como uma doença feia e contagiosa, que precisa ser eliminada de todo ser humano, porque quem não for curado é maltratado, mal visto e considerado como uma aberração. Onde tudo passa a ser movido pela razão ao invés da emoção. Há, inclusive, um grande preconceito – que em muitas situações me dava raiva de quem praticava – contra a doença amor deliria nervosa – o amor sob todas as formas. Dá para comparar a quem faz isso, atualmente, com outros tipos de doença. Pessoas preconceituosas assim que não merecem o respeito de ninguém.
Apesar de o amor ser proibido, o romance entre Lena e Alex (outro personagem que eu amei!) é, justamente, o enfoque principal da trama. E, apesar de haver cenas bem fofas e algumas até melosas, não aconteceu nada tão de repente (apesar de a paixão ter surgido com bastante intensidade em pouco período de tempo), o amor entre os dois nasceu e foi crescendo conforme foram passando tempo juntos, se conhecendo. Gostei muito de ver esses dois jovens descobrindo, juntos, o que é o amor no meio de um lugar onde isso é extremamente proibido. Posso, inclusive, afirmar que eles entraram para os meus casais literários preferidos.


"A Shhh diz que o deliria altera a percepção, compromete a capacidade de raciocinar com clareza, impede julgamentos corretos. Mas ela não diz o seguinte: o amor transforma o mundo inteiro em algo maior."
A sociedade retratada na trama parecia tão atual, ao mesmo tempo em que é tão diferente da que vivemos, que as vezes eu tinha a impressão de que a autora quis passar uma realidade paralela à nossa, e não exatamente algo vivido no futuro.
Alguns argumentos que o governo usava para demonstrar a gravidade da doença estão corretos e podem ser encontrados, infelizmente, em algumas pessoas, mesmo hoje em dia. Tanto é que já vimos casos por aí de pessoas fazendo loucuras – estou falando das negativas – por amor. Acho que esses argumentos só contribuíram mais para o engrandecimento da história, para torná-la um pouco mais real, apesar de, no livro, esses sentimentos excessivos serem generalizados, como se fossem parte de todo e qualquer amor.
Sobre a parte gráfica do livro, a editora Intrínseca fez um ótimo trabalho. A capa está extremamente linda, com seu efeito azul metálico, e o título e o nome da autora escritos com a foto da menina (como a Hardcover americana), me dá a impressão de que a garota esteja presa, exatamente o que o livro sugere quando o governo reprime todo o amor e suas consequências. Todo início de capítulo há um trecho de algo (artigo, história, versos, etc.), do mundo criado pela autora, alertando sobre a doença, e eu simplesmente adorei eles, já que deu para perceber todo o cuidado que Lauren teve ao construir a sociedade de “Delírio”.
Uau. Acho que essas três letras definem o que senti depois que terminei de ler o livro – e depois de procurar spoilers da sequência (Eu sei, também não gosto de spoiler, mas simplesmente não consegui ficar sem saber sobre uma coisa depois de terminar a última página de Delírio. Se você leu, vai saber do que estou falando.) –, Lauren Oliver me conquistou mais do que totalmente com essa série.
Algumas vezes eu precisava parar a leitura para fazer outras coisas, mas não queria, já que sempre estava acontecendo alguma coisa incrível e eu não queria tirar meus olhos das páginas. Só sei que não consigo me aguentar de ansiedade para começar a ler Pandemônio, que, com certeza ainda vai demorar bastante para ser lançado aqui – até porque Delírio acaba de ser lançado –, mas que já entrou para a minha lista de continuações mais aguardadas de todos os tempos!
Se você ainda quer saber se eu recomendo? Não apenas recomendo, eu peço, leia!
Avaliação





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17 comentários:

  1. Li Antes que eu vá em março e me apaixonei pela escrita da Lauren. Estou louca para ler Delírio. Na realidade qualquer livro dela, porque, como disse, amei o livro que li dela, e ela é uma pessoa muito criativa.

    Beijos.

    Carissa
    Arte Around the World

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  2. Ainda não li nenhum livro da autora, mas já li algumas resenhas sobre esse livro especificamente, e estou começando a ficar muito curiosa. Parece diferente, intrigante. Gostei da sua resenha.
    Abraços.
    Amanda
    Você é o que ler.

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  3. Quando o livro só estava lá fora também não me interessei, mas desde que lançou no Brasil estou superinteressada! Tenho vontade de ler "Antes que eu vá", também lançado pela Intrinseca e também da Oliver, hahah.
    Adorei a resenha! Acho que passou pelo menos um pouco de suas emoções. Bj! :)

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  4. Me sinto arrependida por não ter pego o livro dentre as opções do top comentaristas!!
    Sobre a capa, quando olho de perto eu não consigo ver a menina, talvez seja efeito do meu óculos, mas quando vejo de longe :3 vejo ela
    :p

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  5. Delírio é um livro que me despertou interesse desde quanto eu li a sinopse dele, mas ainda assim tive medo de comprar, não sabia direito se amor como tema central em uma distopia funcionar. Mas depois dessa resenha, não tenho dúvidas haha. A cada resenha que leio sobre ele, me interesso mais, não vai ter jeito. Ótima resenha, beijos!

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  6. Esse livro me chamou muito a atenção , em primeiro lugar , por conta da capa lindissima , agora leio resenhas dele pela blogosfera guase que diariamente , e estou muito confusa no que pensar , algumas blogueiras nao gostaram muito do livro ,outras como vc adoraram , quando isso acontece fico curiosa para ler e tirar minhas proprias concluções ,eu tb sou assim , quanto mais eu gosto de um livro mais e mais quero falar dele sem parar , isso aconteceu com jogos vorazes . Ainda não li muitos livros sobre distopia e tal e estou bem curiosa pra começar a ler . Por tudo que vi aqui e por ai sobre esse livro eu acho que vou gostar ,tb sou romantica , e onde tem romance eu gosto . Bjus Miih

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  7. Concordo com tudo o que vc disse na resenha... Delírio foi lindo e me encantou profundamente. Alex e Lena são um casal lindo e a descoberta do amor entre eles eh algo muito admirável e fofo, e a trama toda foi tao bem construída que eu já idolatro a Lauren Oliver por ter conseguido se destacar em meio as distopias usando este tema, O AMOR, com muita maestria. E aquele final, OMG, estou surtando por Pandemonium, e vou comprar em inglês porque não me aguento de curiosidade. Eu preciso saber do Alex OMG! Com certeza este livro eh um MUST READ. (;

    Beijos ;*
    Maccky | Maccky;s Bookshelf
    http://macckysbookshelf.blogspot.com/

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  8. Delírio está com certeza na minha lista de desejo. Infelizmente, ainda não sei quando poderei ler tal livro. Adorei a sua resenha, realmente parece ser um bom livro. Mesmo já tendo lido algumas resenhas negativas dele. Eu adoro distopias, então não dispenso uma.

    Beijos, Júlia
    Desvaneios
    Yume Facts

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  9. Td vez que eu leio uma resenha desse livro eu me pergunto qual a relação dessa autora com o amor, porque o amor não causa estragos, quem esmerdeia (com o perdão da palavra) a vida é a paixão que faz com que os seres humanos façam td na emoção...já o amor é calmo e ao contrário faz vencer td...
    E digo mais acredito que o amor que é capaz de mudar o mundo...Por isso que eu digo que quero ler esse livro e entender o que ela colocou...e ainda mais ver a personagem descobrindo o que é o amor...

    Como sempre resenhas ótimas hein Thata =P

    Miquilis:
    Bruna Costenaro (bruheadbanger@hotmail.com)

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  10. Oi Tatha,
    Entendi perfeitamente sua descrição do amor por esse livro...
    já senti isso algumas vezes... é mágico!
    Com relação ao livro, achei que só achava o livro bonito, mas não tinha pretensão de lê-lo... somos parecidas!
    Mudei de opinião na Turnê Intrínseca, quando ouvi a sinopse e achei de deveria dar uma chance ao livro...
    ainda não li...
    mas depois da sua resenha...
    vou ler certeza!
    não sei quando, pq a lista tá grande...
    já tenho 6 livros me esperando...
    mas...
    VOU LER!

    Gostaria de te parabenizar, pois a resenha ficou PERFEITA!
    Será que um dia faço um post assim?

    bjinhos!

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  11. Nooossa, simplesmente amei a resenha e achei a capa totalmente divaaaaa.
    fiquei morrendo de vontade de ler...
    parabéns pela resenha.
    beijos.

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  12. Eu estou louca por esse livro, a sinopse é ótima, as resenhas só falam bem dele, as pessoas que eu conheço e leram amaram a história. O único problema... A pilha de livros novos que tenho para ler, mas livros para ler é um ótimo problema! rsrsrs
    Sua resenha ficou maravilhosa, parabéns!

    @sophia_samhan

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  13. Li varias resenhas sobre o livro porem ainda não tive a oportunidade de ler.Mas pelo que vi parece realmente ser bom. Adoro distopias e com certeza ele vai entrar na minha "pequena" lista de desejados.

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  14. Gostei tanto da resenha,que não resisti...tive que comprar o livro,confesso que no inicio não gostei muito,parecia muito parado,mas que bom que eu continue a ler e percebi que estava totalmente errada,o livro realmente é muito bom,não a ponto de entrar na lista dos meus melhores,mas é boom! e a resenha tá linda geente! *_*

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  15. Deve ser um ótimo romance com toda certeza, não deixaria de ler se ouvesse oportunidade.
    Mas o que me chamou atenção foi a capa, porque não entendi nada dela, sou daltônico e não entendi a imagem por trás das letras a primeira vez que vi, aliás ainda não consigo ver, só pelas resenhas que li e pelo que me disseram que sei como ela é. :(

    rodrigobill10@hotmail.com

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  16. tem como saber se eu preenchi o formulario deste post?

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